Eu sou o poema...
Consegui diluir-me em etéreas palavras
E fui percorrer terras e terras por aí...
Não há como me colocar tristes amarras
E nem me prender em enferrujadas gaiolas...
Perdi meu relógio em alguma estrada
E se ele era de ouro eu nem sei mais...
Sou invasor de todos os quintais
E faço em alto tom em todas as praças...
Compartilho de todas as alegrias possíveis
Mas escorro quente em todas as faces...
Eu sou o poema...
Escorri em sujas e abandonadas paredes
Para escrever as mais lindas histórias possíveis...
Em tristes e sombrios corredores caminhei
Em minha busca interminável da felicidade...
Em mim estão guardados velhos rostos
Que um dia voltarão à vida com certeza...
Na gaveta que guardo sons e cores
Estão as mais ternas palavras de amor...
Não tente impedir meus cansados passos
Eu vou para o mar como todos os rios...
Eu sou o poema...
Não trago em mim só alegria, mas compaixão...
Sou o fim das guerras, finalmente a paz...
Sou o abraço amigo, sou o primeiro beijo,
As loucuras feitas de puro contentamento,
Sou a dança, o fogo e as fogueiras varando a noite,
O grito de quem nasceu na sala de parto
E o suspiro de quem partiu em inevitável viagem...
Consigo ser todas as coisas ao mesmo tempo
E ainda assim consigo ser talvez nenhuma...
Consigo ainda ser o perfume de todas as flores que se foram...
Eu sou o poema...
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