Certas verdades para não serem ditas
Para jazerem debaixo dos anos
Para ficar silenciosas sob o tapete
Ou escondidas dentro do armário...
A comoção nacional para frivolidades
Para notícias habilmente inventadas
Para os absurdos sem sentido algum
A sorte já está lançada desde a criação do mundo...
Certos fatos para não serem lembrados
Perdões para todos os certos erros
Na grande vitória do dia-a-dia
Do nada pelo nada que somos...
Queremos virar a nossa cara para o lado
Ensurdecermos uma vez pelo menos
Achar que tudo vai bem enquanto não está
E assim cumprirmos nossas tolas obrigações...
Certos carnavais sem alegria alguma
Com as mais velhas fantasias
Com os mais chatos sambas-enredos
Falando do que na verdade apenas desconhecemos...
A nobre arte de acreditar no incrível
A agilidade de querer sempre o que não vale
Vamos engolindo as mais douradas pílulas
Mesmo que o paciente não tenha mal algum...
Certos tiros que não atingem o alvo
Porque não existe sentido algum plausível
E o tempo escorre entre os dedos feito areia fina
E quando podemos perceber algo ou alguma coisa
O circo já pegou fogo e já é tarde demais...
Sentados permanentemente estamos
Mesmo quando nosso desespero nos faz correr
Escrevendo longas cartas de justificativa
Que não serão lidas em tempo algum...
Certas verdades para não serem ditas
Tudo queima, arde, fere e não há mais remédio
À não ser nos envenenarmos lentamente
Com o esse veneno chamado esperança...
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