A realidade espera em cima dos muros
Na hora certa dará o bote sob os mais fracos
Como um ladrão espreita pelos becos escuros
Quebra os espelhos, os faz em mil cacos
Destrói aos poucos todas as nossas esperanças
Traz em si o inverno de todas as primaveras
Apaga da memória todas as nossas lembranças
Abre as portas das jaulas de todas as feras
Ri descontroladamente sem quaisquer motivos
Ela possui indícios de ser altamente insana
Tanto ri dos já mortos como ri dos ainda vivos
E na maioria das vezes aparenta até ser humana
Rasga os céus com suas bombas tão fatais
Joga água sobre as fogueiras mais crepitantes
Traz a quarta-feira para todos os carnavais
Impulsiona pelos abismos até os hesitantes
A realidade espera em cima dos muros
Na hora certa dará o bote sem nem pestanejar
Mas até ela tem um medo, um medo obscuro
Pois sabe que somente a esperança sobreviverá...
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