segunda-feira, 18 de junho de 2018

Ó Nós Aqui Traveis

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Ó nós aqui traveis. Como sempre. Mostrando a mesma cara lavada. A mesma cara pintada. A mesma cara safada. Na grande preparação. Do mesmo sim e do não. Quem sabe? Tudo nesse sanatório cabe. Poesias baratas. Hoje mais trinta pratas. Eu misturo no prato. É o novo barato. Um barato até velho. No espelho eu me espelho. Eu andei feito cego. Não nego.
Ó nós aqui traveis. Explicando o inexplicável. Agradando o desagradável. Hoje o tempo é estável. Tá esvaziando meu pote. E a cobra não deu bote. Tem mais o que fazer. Quem sabe cantar. Mostrar o que não há. Tem que beber e comer. Vamos todos cantando. Não estou delirando. Sou o delírio em pessoa. É o delírio em pessoa. Afundou a canoa.
Ó nós aqui traveis. Chegou a febre terçã. Eu virei bambambã. O anjo de hoje é o diabo amanhã. E lá vem vindo um cometa. É o novo careta. Eu não quero mais treta. Eu não quero mais nada. Não pulei da escada. É a grande jogada. Não pulei ainda. Minha linda. Tudo finda. E a Ester não é estrela. Mas queria vê-la. Vê-la no fundo do mar. Morta e sem respirar.
Ó nós aqui traveis. O gigante é miúdo. Dessa vez eu me iludo. Volto pra Idade Média. Tudo lá é comédia. Vamos acender fogueirinha. Olha só a carinha. Há muita lenha pro fogo. Isso é apenas um jogo. Isso é apenas um fato. O gato e o rato. Estão apertando a mão. Acabou a questão. Cada qual sem cada qual. Pra cada dia um mal. Eu não estou mais legal. Traga o meu gadernal.
Ó nós aqui traveis. Eu não sou mais um moço. Vou pular lá no poço. Vou ficar mais contente. Até vou gritar feito gente. Vou plantar a semente. Vou visitar um parente. Olha que eu saio de cena. Me vestir só de pena. Como um índio tupi. Nem aqui e nem ali. Até perdi a noção. Se é fígado ou se é coração.
Ó nós aqui traveis. É facinho, facinho. Me dê logo um docinho. Eu estou tão sozinho. Eu só quero um carinho. Eu só quero um carrinho. Sou tão pequenininho. É tudo tão engraçado. O certo vira errado. Não me negue comida. Não me tire a bebida. Seja mais precavida. A qualquer hora tem despedida. É a tarefa cumprida. É a tarefa comprida. Na merda que chamamos vida.
Ó nós aqui traveis...

Um comentário:

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...