Esse
poeta não sou eu...
Ele
vem de tempos antigos
Quando
haviam outros perigos
Vem
mais jovem e triste também
Vem
vindo de mais além
Com
uma visão menos turva
Que
se perdeu além da curva...
Esse
poeta não sou eu...
Ele
queria um tempo mais eterno
Escondido
num simples caderno
Linhas
tristes que ninguém lia
Trocava
a noite pelo dia
Era
maldito pelo que fez
E
hoje é quase um mero burguês...
Esse
poeta não sou eu...
Esse
era quase um passarinho
Não
se machucava com o espinho
Não
se importava com a dor
Se
ela fosse um grande amor
Porque
tudo era apenas motivo
Pra
viver enquanto vivo...
Esse
poeta não sou eu...
Ele
morreu já faz um momento
Ou
partiu nas asas do vento
Pra
outras terras que não conheço
Não
deixou o seu endereço
Não
posso lhe mandar mais nada
Minha
boca já está calada...
Esse
poeta não sou eu...
E
mesmo sendo mais revoltado
Seu
cantar era mais afinado
Era
quase aquela criança
Que
fazia versos de pura esperança
Versos
que não queria mostrar
Acho
que nunca mais vai voltar...
Esse
poeta não sou eu...
Sou
apenas mais um escravo da rotina
E
aos poucos o meu lirismo termina
Como
meus já mortos carnavais
Eu
não poderei revê-lo jamais
Por
isso apesar deste meu cansaço
Mando-lhe
meu mais terno abraço...
Esse
poeta não sou eu...
Se
foi um dia nem eu sei mais...
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