sábado, 30 de agosto de 2014

Muitos Caminhos

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O caminho que vai dar no mar. Consequências de tudo o que pode acontecer. E lá estão barcos e velas incontáveis. E amores em cada porto em que se chegar. E desilusões e enterros de solidões. Bebamos até a exaustão e todos os lampiões se apagarem com o novo dia. O rio riu e mandou lembranças. E as ilhas sonolentas ainda tecem suas fantasias. Piratas e corsários do rei. Histórias que muito agradam. E marcações possíveis. O sangue interminável de muitos dias atrás.
O caminho que vai dar em outras terras. Estradas e pés doloridos. E cores se fundindo numa só. O céu é vermelho de agorinha há pouco. E um fundo musical lembra aflições. E grandes feitos nunca escritos e poucos testemunhados. Eu me enlouqueci em estranhos labirintos que eram corredores de escola. Foi minha a estranha gargalhada que ecoou no meio da noite. A poeira que invade fechadas casas fui eu que mandei. 
O caminho que vai dar nos ares. Estes leves dragões que planavam pelo ar. E sonhos noturnos de vôos sem medo algum. As escadas são brinquedos. E recordar aquilo que nunca vi é o respirar de hoje. Somos muitos e vivemos sós. Mas nosso peito cheio está. Mil tiros do mocinho povoam a cena. E o coração dispara só de pensar.
O caminho que vai dar nas cidades. Uma tela só basta. E sem artista que a pinte. Só mesmo marionetes em complicados caracóis. Muita fumaça e poucos risos. Muita lágrima e ternuras perigosas. Pensar é perigoso. E reflexões lógicas ferem. E a verdade é queimadura sem pomada e nem curativo. Há puro prazer em novos lances mal medidos. 
O caminho que vai dar nas guerras. Pobres cães e pobres meninos. Os escombros são lições esquecidas no caderno do ano passado. E os porões estão cheios de notas promissórias. Eu bebo vários cafés de pura ansiedade. Vários níveis e vários tons de uma compreensível crueldade de uma natureza errada. Acendam novas fogueiras com bons sinais. Que os gitanos toquem seus afinados violões e mudem os códigos. Os alquimistas saíram em passeata. E acabou a caça às bruxas.
O caminho que vai dar na morte. Inevitáveis questões de alguns segundos. Pura coincidência. E puro engano também. Um jogo de futebol com placar imprevisível. As estepes baianas correspondem aos números ímpares de todos os números primos de um múltiplo de quatro. E um jogo de xadrez é pura poesia. Dentes expostos e longas mãos e olhos para o nada. Assim é.
O caminho que vai dar em mim. Certamente é muito longo. E eu contei os dias sem os ver. Esqueço tudo que devia lembrar. E me lembro de coisas que ferem se as procuro. E eu as procuro sempre. Dói a ferida e colocamos os dedos. Eu quero muitas carpideiras e flores já quase mortas. E cigarros acesos dos dois lados. Os lábios só servem para cerrados estarem. Pode ser noite mas eu ainda enxergo tudo...

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