quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Setembros Sem Setembros

Pareciam ser dias de sol todos os dias
e até que eram...
Um dia especial como tantos outros
mas daqueles que ficamos contentes
e até que sabemos porque ficamos
Desfile da escola
tanta gente como num formigueiro
em que as formigas se enfeitaram!
No começo aquele uniforme feito vestido
e as bandeirinhas e depois 
aquele também parecendo um brinquedo
Depois bater o pé de uniforme
e segurar aquela bandeirinha de papel
um... dois... três... quatro...
Depois aquele livro da biblioteca
e após isso a bandeira do Brasil
Sim, sim, eu toquei surdo 
por dois anos
meu sonho era tocar tarol
mas nem a caixa eu consegui!
O bumbo era muito pesado 
mas diziam que meu peso ajudava...
Até que veio a noite e sair dali
Muito tempo já se passou...
Não há mais nada que possa segurar
nem as brincadeiras de mau-gosto...
Tudo faz falta, até os espinhos às vezes...
Os pães e o pão e o refresco quase água...
Meus óculos novos eram quadrados...
Eu posava para os monóculos com mamãe...
Depois de muitos anos a notícia triste
o carro que bateu e tirou a vida...
Notícias corridas no telefone 
e quase nada mais...
Os setembros morreram
e de lá em diante setembros 
são apenas aquilo depois dos agostos
assim como o meu coração - nada mais...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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