quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Lombeira Sem Sono

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-... tudo que parece, é... - já dizia Lôló Bico-Doce em suas libações costumeiras que dão azar. Isso sim é coisa boa! Maria Balalaica na beira do fogão fazendo seus quitutes que não haverão jamais. Eu tenho muitas serras por aí e não abro mão delas. Podem contar nos dedos dos pés também. É vidro, meu senhor, é tudo vidro, inclusive a água limpinha.
Os tempos são outros, Lelê, não corra mais com essas pernas curtas e com esse riso quase bonito de lua cheia. Se essa rua fosse minha, eu seria o dono da rua e pronto. Não dava ela pra ninguém, nada disso. É minha, ninguém tasca, eu vi primeiro. Não entendeu? Joga no bicho, faz festinha pro primeiro pitbull que arreganhar a canjica no meio do baile.
Modéstia à parte, já fui mais modesto, mas os dentes não ajudam. Uns caem de pura emoção, outros no meio do caminho, isso é mais que certo. Agora as bolas das árvores de natal são feitas de chumbo, ajuda no tropeço. Até gosto de ver filmes com o televisão desligada. Nunca falem mal de mim, eu mesmo falo, Nada cansa senão a lembrança da bonança da esperança que balança.
É cada biboca que tem por aí. Chá das três para o xá da lima-da-pérsia, mas só se tiver biquinho. Eu gosto de ver, nem sempre, mas até que gosto. O mundo de pernas pro ar feito Sarita na barriga do falecido. Muito bom mesmo. Um pote cheio de uma ilusória realidade. Sem bronca, sem bronca. Nunca mais andei de costas, mas sempre faço questão. Um aqui, outro aqui e mais um aqui. De capa e espada.
Mil graus de febre para o febril freguês. Tudo que é noturno vem de noite. Até dinheiro pro sabão sobrou. Alegria geral. Exatamente exato. Cada foto no seu pato. Chama que ele vem, mas se tiver na preguiça, manda outro. No mínimo ele é o máximo. Quase que faltou água e eu fiquei no escuro. Sempre tem ou não. Bendito Benedito com a sua cabroagem. Muito sotaque ali na bucha.
Sou tão inteligente que chego à ser burro. Disfarço o medo com gritos histéricos e coisas tão óbvias que doem até meus amados calos. Ter sentido pra que? A vida passa, lava e cozinha pra fora e vai ganhando seus trocadinhos pros alfinetes e pras agulhas também. Saudade das garrafas de leite na porta da frente. Na dos fundos a gente ri de se borrar.
-... tudo que não parece também é... - falava o Furtado que foi furtado aquase agora. No começo as coisas começam como ratos no pandeiro, vil sentença da mais doce sociedade alternativa com a rotina dos velhos e modernos tempo. A visa não avisa mais. Pastel e caldo agora é banquete. A vodca corre pelas veias e babamos energético. Acabei de ter um treco e nem vi. Era muito biscoito e pouco dengo. 
A nudez ficou zangada. Cansada está com todo esse burburinho. Bateu feio e não adiantou vem cá meu nêgo. É chitãozinho puro, só falta a faxina. Quase meio metro correnteza abaixo. A água subindo pela parede todo santo dia e antes que se fez alguma coisa. É passo no passo do compasso. Farofa, cachaça, vela e charuto. Um banquete das Arábias. Chora de emoção, Sabiá. Sem laranjinha não dá. 
Eu bem que queria meio pão e meia tontura. Muita espinha e pouco gato. Se fosse só conhaque, eu morria. Se fosse abacaxi, eu pulava feio. É o maio desafio que se faz. Mandei o cara ir e ele foi. Nem falou gracinha e nem pediu voto. Catuaba das boas, de fechar o comércio. Babaram na fronha com banana e tudo. Quase um litro, litro e meio, nem bem sei. Aliás, sei de nada mesmo. Tropeça do salto alto, vai, vaca, tropeça e beija o tapete. Pra voar só faltam os chifres.
Manga com gosto de goiaba, raiva em pé dormindo feio. De meia e tudo, cocote feito as doidas do não-se-onde porque nem-sei-o-porquê. Vai que é água de novo. Tatu que dança frevo, dança mesmo. Falta bicho no Bicho. Periquito é um, joaninha é outro. É porque eu quero, cala a boca, burro. Doce de coco é bom, mas coitado dele. Caiu do alto sem colchão e nem bateram palmas. Aí a banana matou a mãe. E ficou por isso mesmo. É um em três, tá sabendo? Descobri isso quase ontem.
Inês tinha mais de um mês e nem notou. Tudo que envelhece fica novo já dizia o Mestre que não sabia nada. Era a especialidade dele. Ninguém fazia igual. A memória até que quebrava um galho, mas não sabia mesmo. Por isso lotou o cinema e a bolsa de valores ganhou uma bolsa na rifa. Parecia do Cão de tão tão da época que nem sei. Pra que saber? Pra botar pro lixeiro levar no dia que não tá marcado?
Eu sou mau que nem bacurau. Merendo até sem recreio e a pulga que se lasque. Barrigudinho de vala no vidro de maionese, tão bonitinho, parecia peixe. Peixe bom esse, só tem cabeça e espinha, um show. Cozido na água pura parece que tá sem nada. Eu não presto nem pra ir ali. Já pensou em pensar? Na hora do discurso nada melhor que uma bula. A nova Mula Papal explica tudo. Até que o caçador saiu da lona. Eu, hem, quero não, só tudo...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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