domingo, 3 de fevereiro de 2019

Samba da Mulher-Crocodilo

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Já fazem muitos anos como o mesmo costume
Silvar entre os pés de coco e as margaridas
Com o mesmo vento de quase sempre
Tenham algum cuidado e não se aproximem
Eu não quero nenhuma resposta para o que pergunto
É apenas uma desilusão minha rara cara
Estar nas mesmas esquinas com diferentes alvos
Não tenho culpa se deu avestruz na cabeça
E se o refresco de goiaba parece maracujá
Hoje é um domingo como qualquer outro
E a lâmina do meu revólver já está afiada
São dez dias de carnaval na Macedônia
E eu nem decretei luto oficial por mim mesmo
A fama só serve para os que são desconhecidos
E já vendi minha coleção de cartões de crédito
Eu olho as curvas com a maior inocência
Enquanto os pregadores jogam dominó
Serpentes só são serpentes até o serem
Eu sou o meu maior enganador de todos
Nunca delirei tanto como nos últimos dias
Não quero discutir sobre isso ou sobre coisa alguma
Os lenços já acenam minhas mais infantis saudades
Como nos milhares de desenhos animados que vi
O canil está aberto para que os cães possam correr
Como eu tenho medo de meter o dedo na tomada
Mas sei fazer gestos tão bonitos com a cartola
O cheiro do alho já se entranhou em minha alma
E mesmo assim minhas decisões são de puro desespero
Bem-te-vis e curiós despertam minha curiosidade
E cada um que possa comer seu mingau sossegado
Eu espero a chicotada com a maior calma do mundo
E espero encher mais de um copo com as suas lágrimas...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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