segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

E O Medo Fugiu de Mim...

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Eu sou o caçador das noites escuras, onde procuro os dias felizes que nunca tive. Minhas setas estão sempre preparadas, meus silêncio faz até arrepiar os ossos...
Eu sou o ébrio que cambaleia por todas as vielas, não me importando das pedras que ferem meus pés e do lixo que acaba sujando até minh'alma...
Eis meus derradeiros versos, guardados em papéis amassados nesta velha calça, contando segredos mais antigos que as pedras, chorando dores que nunca causaram compaixão alguma...
Não sei o que procuro mais, se dias já mortos ou terras desconhecidas que nunca irei. A minha mente rodopia nos mais estranhos malabarismos como estivesse drogada com o entorpecente que nunca mais usei...
Fiquem em silêncio, fechem suas janelas, desliguem seus televisores,  finjam que dormem o seu sono rotineiro porque o amanhã pertence aos que possuem indiferença pelas dores do mundo...
Sim, amanhã estará tudo estará normal como qualquer pesadelo, com suas notícias banais e filas sem explicação, os mercados encherão novamente com os marionetes que são os homens e as delícias sem gosto encherão muitas bocas...
Os carros rodarão enquanto muitos ficarão cegos à piedade que estende sua mão em busca de algo e, ainda assim, as redes sociais mentirão de novo dizendo que tudo vai bem...
Nada está, nada foi, nunca estará, enquanto a ternura não entrar em todos os peitos pois as flores morrerão em feios jarros sem propósito alguns. Onde estão nossos mortos? Ainda andam por aí pedindo que nos lembremos deles, não com o cinismo que nos mutila...
Eu sou quem veio sem avisar, quem irá embora em qualquer momentos desses sem deixar lembranças, apenas tentativas que acabaram falhando. Um poeta? Nem eu mesmo sei, só conheço os abismos que quase pulei...
Só tenho certeza (se é que existe alguma) neste exato momento, que encaro o sol sem ter medo de ficar cego, até o medo fugiu de mim...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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