quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Sem Paredes

Resultado de imagem para casa em ruínas
Não há mais que nos cerque, nos proteja. Um carnaval angustiado que sobram Pierrots e faltam Arlequins. Já tem excessivas séries americanos e tão pouco lirismo. Meus óculos caíram no chão e as lentes se espatifaram. Eu ainda tentei catar os cacos e cortaram minhas mãos. Nem senti a dor...
É tão difícil ser fácil nestes tempos...
Os velhos choram por um bom passado que não tiveram. E os novos comem seu tempo tão rápido como num fast food. Os berros não são mais ouvidos e nem os cachorros lambem sua cara. Cada fato é apenas uma foto...
São tantas filas que me perdi entre elas...
O meu sono não é mais meu, é o sono do mundo. E novos recordes são companheiros dos segundos. Não mais, não menos. Tudo perfeito como num clip malfeito com flores recém-colhidas em impressoras 3d. Há muitos direitos, mas faltam humanos. Tudo maravilhosamente sem maravilha alguma...
Eu agora acredito sobretudo no nada...
As piores drogas agora navegam pelo ar. Ambas as pontas possuem seu abismo particular. Algumas respostas afligem mais do que as próprias perguntas. Não ter susto acaba assustando mais. Eu queria fumar o cachimbo da paz, mas acabou o gás do meu isqueiro...
Acabou de acabar o fim do final...
Muitos cenários desabaram perante a plateia, isso foi muito legal. Tantas bobagens agora fazem parte do esquadro, a moda ri de nossos esforços cotidianos. O nunca e o sempre frequentam a mesma academia. Amor e ódio dormem no mesmo quarto...
Meu celular está fora de área de cobertura...
Há certamente guerras em qualquer lugar por aí. Algumas públicas, outras particulares. Cada um fala seu idioma desde que o outro não entenda. Fechado para balanço. O hoje sempre foi feriado. Capeta agora é fichinha. Coma seu pedaço e sinta-se mais do que satisfeito...
Nossa alegria perdeu de 0x0...
Há uma sensação ruim muito boa. Nós escapamos deste tiro até o próximo. Os burros se ofendem quando usamos seus nomes para designar bons cidadães. Falar em alguma língua estrangeira é bem mais simples que respirar. Não jogue pérolas aos porcos, eles possuem muitas delas...
Quase cheguei em último lugar...
Quem tem olhos, os feche na hora exata. Quem tem boca, coma logo que esfria. Os curandeiros agora vendem seus kits no Mercado Livre. Tudo muito bom, tudo muito bem. Procuram-se dedos sem anéis. Me perdoe Schopenhauer se ainda não consegui soletrar seu nome. Eu ando muito distraído...
As paredes caíram e nem percebemos. Os tetos nunca existiram e os chãos estão molhados. Tudo está normal. Erros foram feitos para serem feitos. Os pedidos de perdão seguem adiante. Eu vim de algum lugar, mas nem queria. Eu olho os faróis e ainda consigo. Poderia falar e falar e falar por mais mil anos, mas os malvados não querem... 
É tão difícil ser fácil nestes tempos... 

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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