Escuto os trovões desta chuva noturna procurando algum motivo para viver e não encontro. Milhões de gotas caem pelos céus em luto. Abafado está meu quarto e minha alma mais ainda...
Quem me dera alguma magia ou alguma ciência para devolver-me dias passados que não foram tão bons, mas melhores que estes certamente. Tudo o que perdemos é que vale alguma coisa...
Estou impaciente. Isso é parte do meu itinerário de reclamações. É só questão de tempo e água cessará sua queda, é só questão de repetidos minutos em horas enfileiradas que nascerá um outro dia...
Que dia será amanhã? Talvez o calendário o saiba, mas a vida não. Cada coisa em seu lugar, oscilando entre todas as dicotomias possíveis e inimagináveis. Os vivos e os mortos de amanhã nunca o sabem...
Tudo se movimenta, mesmo sem o percebermos. O meu pobre sono será agitado pelas desilusões que me acompanham, os meus planos que falharam irão se desculpar, sua intenção é boa, mas mesmo assim me incomodam...
Lembro de várias coisas, principalmente das que nunca existiram. Dos beijos que não dei, dos sorrisos que foram embora de meu rosto sem aviso algum, do silêncio que estava dentro de mim e mesmo eu desconhecia tal fato...
Os trovões continuam como velhos ranzinzas e sábios discutindo questões fúteis, mas tão difíceis de resolver. Há muito o que girar na eterna roda do destino e nem sabemos o porquê...
Tudo parece tão seguro, mas nunca foi. Num instante ou outro essas pobres paredes poderão desabar, o chão poderá tremer, o mar pode ficar de mal conosco, O inédito e o nada andam de mãos dadas em sua perversa brincadeira...
Só espero, meu amor, onde estiveres, estejas bem...
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