Não se espante, baby, não se espante
É tão normal todas essas formalidades
A minha simplicidade foi parar em outras plagas
E nem deixou recado de quando volta
Quer saber de um segredo? Acabaram-se todos
E as prateleiras acabaram ficando vazias
Me falta inspiração, baby, como falta sim
É que os cortes na carne acabaram doendo
E eu não quero ninguém me vendo chorar
Nesse exato momento muita coisa acontece
Mas a solidão deste meu quarto desarrumado
Faz até as aranhas dormirem em suas teias
Eu tenho pensando tanta coisa, minha baby,
E nenhuma delas é questão complexa demais
A simplicidade chegou aos poucos em mim
E eu já dispenso algumas questões filosóficas
Que acabam me atrapalhando em sonhar
O que é arte, Baby? Responda-me se puder
Mas se não souber a resposta não se acanhe
Qualquer criança tem a resposta para nos dar
Os velhos sabem muito bem explicar o tempo
Os passarinhos são melhores que muitos músicos
As nuvens são as mais exímias bailarinas
As pedras são mestres na arte da oratória
E tudo que eu posso ver ou não me ajuda
A compor minha pobre e humilde estética
Não fique brava, my dear, não fique não
Eu já aprendi mais com espirais de fumaça
Muito mais do que com os dicionários que li
Dispenso nesse momento velhos compêndios
Porque nunca fui muito bom em medidas exatas
E acho muito chato traçar uma reta sem régua
Os meus versos, Baby, os meus versos?
Muitos já chegaram e descansam em meu peito
Poque sua viagem foi muito longa e cansativa
E alguns perderam a condução e estão por vir
Suas roupas estão bem amarrotados
E os pés meio inchados porque tanto andaram
Mas não é disso que eu queria lhe falar
É que tenho descoberto coisas e coisas
Umas até me fazem assim, quase contente, entende?
Mas outras, essas sim, me dão um medo
Quase tão parecido como quando se toma injeção
Mera coincidência ou talvez nem tanto
Uma palavra entrada na outra, observe bem,
Amor e Morte, Amorte,
E é isso Baby, que me dá mais medo...
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