sábado, 21 de julho de 2018

Muitos Dias Já Passaram

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Uma tristeza me invade. E os olhos alongam-se por manhãs agora perdidas que nem o sono podia impedir. Onde elas estão? Será que subiram aos céus? Nunca mais voltarão? 
O relógio declarou-me guerra. E cada ruga em minhas faces é um soldado morto em um campo de batalha. Apenas uma pequena cruz não indica quantos sonhos não se realizaram...
A solidão veio me visitar. Ela veio tão de mansinho que quando vi já estava lá. Olha-me com uma piedade tão impiedosa. E um silêncio gritante acaba descompassando meu coração.
Quando poderei abrir a boca e gritar os pequenos segredos que guardo? Um minuto de atraso assassinou o mais feliz dos encontros. Uma onda veio de repente e desfez o castelo que demorei a fazer...
Quando o vento colaborará comigo e levará as juras que não fiz? Quando será meu escudo contra a timidez que brotou qual erva daninha em meu pequeno jardim? Eu ainda lhe espero para que espante os fantasmas que povoavam as minhas noites...
Escuto meu coração descompassado em horas aflitivas. Em mim fica a eterna dúvida se dói mais o corpo ou se dói mais a alma. E mesmo assim ainda consigo fazer alguns versos bobos de alguma satisfação...
Como tenho saudade! Das pessoas e das coisas e das brincadeiras e dos poucos risos que um dia tive. Dos gostos que passaram em minha boca. Das cores em minhas retinas. E até dos lugares que passei e os que queria ir e não fui...
Uma tristeza me invade. Eu era nada e agora nada sou. E não sei como mesmo assim não consigo matar a esperança por dias melhores. 
Muitos dias já passaram...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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