terça-feira, 10 de julho de 2018

Vamo Pensá

Resultado de imagem para mendigo na praça
Nem sempre feiura em todos os cantos... Nem sempre bonitade também... É aos poucos que a vida faz seu desenho e ondas de cores atingem a praia da vida. Nunca estamos sós. O destino nos persegue com seu caderninho de anotações...
- Trouxe? - perguntou apreensivo como todas as perguntas que ainda querem alguma resposta.
- Claro. Ia deixar você esperando à toa? - (e às vezes as perguntas pedem outras...)
- Então passe pra cá, homi! - falou estendendo a mão meio que trêmula qual o ar no asfalto daqueles dias de ares inferneiros.
Nem pensou duas vezes. Tirou a tampa com a boca mesmo. E goela abaixo que nem fogo descia. Assim mesmo, a marvada desce pelo caminho vazio e sobe rápido que nem anjinho que morre de parto. 
O que é bom? O que é mal? Trancaram a porta do santuário e jogaram a chave fora. O monge foi na liquidação e comprou um terno. Até os soldados possuem medo das batalhas.
O que é certo? O que é errado? Velhas lições em cartilhas ultrapassadas. Limões de bico que não estão na esquina. Galinhas que botam ovos de ouro.
Olhou a praça. Delirava? É que tinha tipo umas visagens bem diferentes... Em cada momento tudo igual e bem diferente também. As mesmas árvores sujas de poeirice. Os mesmos bancos. Os cachorros vagabundos que iam e vinham no meio da morte que de vez em quando passava prum dedo de prosa com alguém. Levando muitos com seu papo de mercador. Delirava? Nada existe e tudo que nunca esteve ainda está lá. Os mesmos pedintes e os mesmos passantes. A mesma impiedade safadeja que move os homens e derruba os prédios. Todo mundo é bom pro fogo... O fogo é bom pra todo mundo... O fogo que desce a ladeira na cana pode não ser bom. Ajuda pra cacete...
Mais um gole. Esse é o segundo. Com mais vontade ainda. Fazia um tanto que ficava por ali. Desde o dia da briga. Coisas extremas- atitudes extremas. Tenho dito. Quanto tempo teria? Sei lá. Saí andando e andando e andando. Como numa aventura sem fim...
Eu ainda consigo pensar! Eu ainda consigo pensar? Bicho raro, avis rara, há muito em falta por esse mundo cão. Filas intermináveis pra última moda de hoje, de agora, invenção dos nossos "donos". É saudável, mesmo que mate aos poucos ou rapidamente, nunca se sabe. É moderno, moderníssimo, modernoso, como tudo que existe neste cenário. Carneiros é o que somos e se alguém ri da bomba, assim faremos todos nós. 
Dois goles, três goles, quatro goles. Ora, merda, eu sei contar, mas não quero. Quero esquecer que esqueci e ainda esquecerei mais. Que tudo passe desapercebido. É só mais um bebum na praça, enchendo a cara...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...