faz tempo que não tenho tempo
e o tempo não me dá mais
e agora meu passatempo
são mergulhos abissais
talvez o interesse não interesse
eu morro me traga os sais
eu xingo como numa prece
vou ser consagrado nos carnavais
meia palavra já é que me basta
são todos estes meus avais
a vida é colorida porém madrasta
tudo em letras miúdas e garrafais
eu sou quase humano meu mano
eu sou nós somos e assim serás
misturando sagrado e profano
nosso candidato é Barrabás
minhas lágrimas são inocentes
são como sintomas vitais
e agora me caem meus dentes
mandaram-me alguns sinais
agora se tornou muito chique
dizer que é moderno cheio de paz
mas se na hora for um trambique
não importa e já tanto faz
sai no tapa religião e ciência
são mais de mil e um espinhais
por favor tenha santa paciência
isso tudo eu já não aguento mais
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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