segunda-feira, 16 de julho de 2018

A Inominável Arte de Fazer Cigarros

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os pares ímpares arrumam-se como podem
é mais uma dessas manhãs de pedra e de sal
não tenho muito o que fazer a não ser o que fazer
isso pode ser muito bom ou muito talvez talvez
não que eu me esconda sob as cortinas do sofá
há muitas pérolas por aí procurando razões
e eu nem mesmo sei o que estamos por aqui
desordem é a palavra de ordem que mais ouvimos
e quando as novidades pararem nós morreremos
quase nunca temos os nomes que nos escolheram
e isso é forte indicativo de uma solidão acompanhada
eu não quero mais alguma coisa que acrescente
já que os versos já foram escritos há séculos
e um grande meio de esquecermos é a loucura
não acordo na hora certa nem que me cobrem
cada especial na TV custou muito sangue
e nem os vampiros sabem explicar o porquê
eu acabei de descobrir que pensar dá calos
e algumas outras coisas de bolsa de mulher
nunca soube de nada mais engraçado que choro
sobretudo quando andam de sobretudos por aí
um silêncio é maior que mil discursos
e os moralistas armam uma tocaia que pode dar certo
eu nunca vi uma embolada feita na feira
mas as segundas nunca faltam comigo
juro que andarei pelo mundo afora anteontem
e os bem-te-vis estão usando colarinho hoje
para cada cerimônia eu faço um lenço novo
e para cada miçanga acabo fazendo uma alegria
experimento pratos estranhos com toda familiaridade
e mesmo que não goste faço que sim com a cabeça
a varanda é o maior pedaço que podemos herdar
e o quintal lá detrás tem muitas histórias prontas
a pulseira de prata que carrego na minha alma
é o resultado da última equação que pude fazer
eu evito gritar no meio de tanto e tanto barulho
para que as margens dos rios não tenham medidas
e os ratos consigam de uma vez serem felizes
não adiantam bons conselhos para melhores idiotas
e eu fico querendo que essas procissões se acabem
juro por mim mesmo que estou quase aprendendo..
.
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de Carlinhos de Almeida).

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