Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Vontade e sina. Teatro. Há um perigo em cada esquina. Teatro, meu, seu, nosso. Quero andar, mas não posso. E em cada instante enlouqueço. Teatro barato, de alto preço. Não sei se mato, não sei se mereço. Em cada ato, um novo endereço. Teatro limpo, feio, bonito e sujo. Não coloque a mãe no meio. Não chamem o dito cujo. Covardia e audácia. Humildade e falácia. Teatro, teatro. Sem palma, com alma, há silêncio lá na plateia. São planos, enganos, já me falta qualquer ideia. Eu invento, eu tento, eu aumento, eu sento, muito lamento. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. O teu castelo, o meu casebre. A nobreza, a burguesia, a mesa vazia, a plebe. Quem dá, quem recebe. A escola, a esmola. Quem fuma, quem bebe. Quem dança, quem joga. O mais careta e o que se droga. O que sobe a escada e quem cai na calçada. O impossível e a possibilidade. Quem fala mentira, quem fala verdade. O bicho pro sacrifício. A oficina, a estricnina, o ofício. A paixão, a ternura. A liberdade e a censura. O que vai, o que dura. Tão clara, tão rara, escura. O que salva, o que fura. Não me deixe, me atura. Me beija, sem nojo, sem asco. Eu sou o inimigo, o amigo, o carrasco. Eu sou o samba, a rumba, a valsa. A joia mais verdadeira e a falsa. A bota de sete léguas, descalça. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. O gato. O rato. Quem sabe algum dia? Me mato. Acaba a alegria. Meu último ato. É tudo um estalo. Que eu grito, que eu falo. E se tem gritaria, me calo. Tudo é parecido. Oitavo sentido. Nada é igual. Quintal. Carnaval. Praça. Mundo. O cego. Não nego. Temporal. Vagabundo. E tudo parou. Num segundo. Me chame a vizinha. Quero trocar figurinha. Me dê logo um café. Minha cabeça gira. É tudo mentira. Perdi minha fé. É longe. É perto. Eu sou tão esperto. Eu sou um Mané. O brilho da faca. O vil mais metal. Eu sou um normal. Eu sou um babaca. Invento o que tento. Com chuva, com vento. Com luto. Eu luto. Disputo. Que bruto. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Um antro. Um pranto. Eu canto. Espanto os males que vêm no ar. Não tem, não vem. Estou sempre à delirar. Um cabo. Um rabo. Vamos todos comemorar. O avião, o pé no chão. O démodé, a estação. A façanha, a entranha. O marco, a sanha. A saga, a praga, a banha. O escorregão, o berço, o caixão. A espada. O tudo e o nada. Bem vinda. Desprezada. O fada e a fada. O que falo, o que não digo. Concordo, me recordo. Contradigo. A nudez e a riqueza. O espanto, a beleza. A razão e a incerteza. O compromisso, a sobremesa. Estamos aqui, nunca estivemos. Quanto mais vivos, mais morremos. Eu sei de tudo. O que escrevemos? Eu não me iludo. Já esquecemos. Hoje é segunda. Hoje é semana. A vagabunda é tão bacana. Eu faço pose, é Copacabana. Eu tenho grana, quero a bagana. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Estou tão só, em pleno palco...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
segunda-feira, 9 de julho de 2018
O Teatro de C.A.
Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Vontade e sina. Teatro. Há um perigo em cada esquina. Teatro, meu, seu, nosso. Quero andar, mas não posso. E em cada instante enlouqueço. Teatro barato, de alto preço. Não sei se mato, não sei se mereço. Em cada ato, um novo endereço. Teatro limpo, feio, bonito e sujo. Não coloque a mãe no meio. Não chamem o dito cujo. Covardia e audácia. Humildade e falácia. Teatro, teatro. Sem palma, com alma, há silêncio lá na plateia. São planos, enganos, já me falta qualquer ideia. Eu invento, eu tento, eu aumento, eu sento, muito lamento. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. O teu castelo, o meu casebre. A nobreza, a burguesia, a mesa vazia, a plebe. Quem dá, quem recebe. A escola, a esmola. Quem fuma, quem bebe. Quem dança, quem joga. O mais careta e o que se droga. O que sobe a escada e quem cai na calçada. O impossível e a possibilidade. Quem fala mentira, quem fala verdade. O bicho pro sacrifício. A oficina, a estricnina, o ofício. A paixão, a ternura. A liberdade e a censura. O que vai, o que dura. Tão clara, tão rara, escura. O que salva, o que fura. Não me deixe, me atura. Me beija, sem nojo, sem asco. Eu sou o inimigo, o amigo, o carrasco. Eu sou o samba, a rumba, a valsa. A joia mais verdadeira e a falsa. A bota de sete léguas, descalça. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. O gato. O rato. Quem sabe algum dia? Me mato. Acaba a alegria. Meu último ato. É tudo um estalo. Que eu grito, que eu falo. E se tem gritaria, me calo. Tudo é parecido. Oitavo sentido. Nada é igual. Quintal. Carnaval. Praça. Mundo. O cego. Não nego. Temporal. Vagabundo. E tudo parou. Num segundo. Me chame a vizinha. Quero trocar figurinha. Me dê logo um café. Minha cabeça gira. É tudo mentira. Perdi minha fé. É longe. É perto. Eu sou tão esperto. Eu sou um Mané. O brilho da faca. O vil mais metal. Eu sou um normal. Eu sou um babaca. Invento o que tento. Com chuva, com vento. Com luto. Eu luto. Disputo. Que bruto. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Um antro. Um pranto. Eu canto. Espanto os males que vêm no ar. Não tem, não vem. Estou sempre à delirar. Um cabo. Um rabo. Vamos todos comemorar. O avião, o pé no chão. O démodé, a estação. A façanha, a entranha. O marco, a sanha. A saga, a praga, a banha. O escorregão, o berço, o caixão. A espada. O tudo e o nada. Bem vinda. Desprezada. O fada e a fada. O que falo, o que não digo. Concordo, me recordo. Contradigo. A nudez e a riqueza. O espanto, a beleza. A razão e a incerteza. O compromisso, a sobremesa. Estamos aqui, nunca estivemos. Quanto mais vivos, mais morremos. Eu sei de tudo. O que escrevemos? Eu não me iludo. Já esquecemos. Hoje é segunda. Hoje é semana. A vagabunda é tão bacana. Eu faço pose, é Copacabana. Eu tenho grana, quero a bagana. Teatro, grande teatro, pequeno teatro. Estou tão só, em pleno palco...
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