domingo, 4 de junho de 2023

Teatro Esquálido

 

Cenas tristes passando em frente a tela

Meu coração feito bateria de escola de samba

O ar se recusando de entrar pelos pulmões

Tremem as minhas mãos sem objetivo

Caço um cigarro para ver se me consola

Temos tanto medo de ter algum medo

Não só a morte nos espanta mais

A vida não é mais a minha aliada

A cabeça doendo feito máquina quebrada

E eu me refugio naquilo que não posso falar

E eu maquino planos de ir pela estrada

E talvez até possa alcançar alguma estrela

Ou ainda seria melhor qualquer barco

Que atracasse numa ilha que desconheço

Tiro meus óculos com pequenas formigas

Talvez seja melhor não olhar com nitidez

Vou disfarçar um pouco feito pedestres

No rush de nossa cidade malvada

Para que não seja engolido de vez

Mãos para o alto sem oração alguma

O ator esqueceu qual a sua fala

A atriz acabou tropeçando no palco

Acabamos não entendendo mais nada

Quem sabe em uma outra hora me acalme

Alguma flor acabe se abrindo

Para que um pássaro cante sobre ela

E o meu sono acabe por voltar...

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