segunda-feira, 12 de junho de 2023

O Poeta e O Lixo

 

Mais bandeiras não há

Só palavras agora secas

Num medievalismo que apodrece aos poucos

A goiaba não caiu do pé...

Eu tento escrever o que o coração não diz

Mas as mãos seguem caminhos escuros

Os fios da barca branca amarelam...

Onde estará tudo aquilo que amo?

Cadeiras antigas que o tempo comeu...

Motivos não existem

Só uma cantoria que desconheço

Ou blues ou baião ou um assobio

Já joguei fora tantos papéis

E meus aplausos foram roubados...

O mijo envelhece na garrafa de energético

E eu falo idiotices na minha solidão forçada...

Os saltimbancos querem moedas

E os famintos de igual forma

As roupas estão agora rasgadas

Sou apenas um rogador de pragas...

Hoje não haverá sessão de cinema

Mas ainda assim a crueldade vem me visitar...

Coloco no último volume

Para chamar a atenção da vizinhança

Para que saiam de suas gaiolas

Mesmo se não tiverem mais asas...

Guardo as pontas dos meus cigarros

Para um novo Titanic que chegue

Enquanto as moscas pousam 

Nas louças sujas que jazem na pia...

Já mandei tatuar o nada 

Em minha alma até que cansou...

Mais bandeiras não há

O lixeiro acabou levando tudo...

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