domingo, 25 de junho de 2023

Poema Vil(U)

Profusão de tempo e espaço

Nada será até que o seja

Todos os vampiros tem insônia

E todas as explicações cabíveis

Carecem de qualquer lógica


O que foi um dia alguma coisa

Apenas impactou velhas retinas

E agora é figura congelada

Toda nudez será observada

Mesmo que sem algum comentário


O herói do dia tremerá de medo

Sentará no jardim de alguma praça

Esperando notícias quase ruins

De um novo semelhante pesadelo

Que talvez venha e talvez não


Minha genialidade caiu e quebrou

Assim como meus dentes aos poucos

A dúvida escolhe apenas um lado

E a maldade procura seu canto

As palavras são cartas do baralho


Não existe estranheza alguma

Por tais flores agora tão diferentes

Remédios são venenos fora da ordem

Enquanto as nossas cinzas mariposas

São borboletas agora entristecidas


O luto é um lençol que é amarelado

Assim como papéis de carta antigos

O vento ainda permite uma dança

Enquanto as ruas estiverem caladas

Mesmo quando o relógio enlouqueça


Porque acordei assim tão cedo

Se não há nenhum passeio previsto

Mesmo quando rios ainda sejam rios

E mares são quase os mesmos 

Meu cemitério anda tão cheio...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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