Profusão de tempo e espaço
Nada será até que o seja
Todos os vampiros tem insônia
E todas as explicações cabíveis
Carecem de qualquer lógica
O que foi um dia alguma coisa
Apenas impactou velhas retinas
E agora é figura congelada
Toda nudez será observada
Mesmo que sem algum comentário
O herói do dia tremerá de medo
Sentará no jardim de alguma praça
Esperando notícias quase ruins
De um novo semelhante pesadelo
Que talvez venha e talvez não
Minha genialidade caiu e quebrou
Assim como meus dentes aos poucos
A dúvida escolhe apenas um lado
E a maldade procura seu canto
As palavras são cartas do baralho
Não existe estranheza alguma
Por tais flores agora tão diferentes
Remédios são venenos fora da ordem
Enquanto as nossas cinzas mariposas
São borboletas agora entristecidas
O luto é um lençol que é amarelado
Assim como papéis de carta antigos
O vento ainda permite uma dança
Enquanto as ruas estiverem caladas
Mesmo quando o relógio enlouqueça
Porque acordei assim tão cedo
Se não há nenhum passeio previsto
Mesmo quando rios ainda sejam rios
E mares são quase os mesmos
Meu cemitério anda tão cheio...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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