quinta-feira, 15 de junho de 2023

Rota de Fuga

Sextas são domingos que não maduraram

Temos pressas de todo algum nada

O testemunha do meu crime? Sou eu sim

O meu país é logo ali depois daquela curva

Eu fumo em papel de caderno e como café

Não há fumaça para nos consolar

Vários sons acabam chegando pelo ar

São os mesmos de todo o resto da semana

Mas me parecem um pouco diferente

Neles aparece ânsias de acabar logo

De hoje à noite até o cadáver dos domingos

Um boa parte de nós se anulará um pouco mais

Não é preciso nem isso ser cantado

Fugiremos mesmo atravessando paredes

Comeremos tijolos e cimento se for preciso

Escutaremos mais algumas mentiras da tela

De um jeito cada vez mais desesperador

Vou brincar me atirando de cabeça da laje

Talvez as asas abram no meio do caminho

Todo perigo só acontece quando ele é

Passarei no meio do tiroteio recitando versos

Estou quase querendo todo o sal do mar

Como nuvens no meu café da manhã

Sou quase um cachorro vira-latas feliz

Mesmo desconhecendo o que seria isso

Palmas e vaias não me importam tanto

O sinal fechou de repente no meio do rush

Agora me visto de cinza porque perdi meu azul

A saída é pela esquerda sempre e sempre

Crianças e mulheres e velhos e mortos primeiro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...