sábado, 3 de junho de 2023

Colossos da Insignificância

 

Não há mais alguns punks

Por uma periferia inexistente sequer

O rebelde de antes em acadêmicas decisões

Mostra-nos a sordidez que sempre teve...

Cuspa logo esse chiclete da boca suja

Que a banana ficou podre lá no cacho...

Os capoeiras foram para casa jantar

E esqueceram de desligar a música...

Sucesso garantido ou seu dinheiro sujo

As mesmices só servem para limpar a bunda...

O inédito de décadas estende as mãos

Para mostrar a sujeira sob as unhas...

A velocidade está muito cansada

E ainda podemos rir até mesmo em funerais...

Um Narciso às avessas fala merdas...

Eu trago a puta – é só escolher...

Eu arranco seu coração sem usar as mãos...

O fascista mentiroso morde sua língua

Acende fogueirinhas de papel higiênico usado

Enquanto arrota um passado inexistente...

A sapiência dos mudos está na moda

E o ecletismo barato assobia em dó maior...

A liberdade chora e não liga...

A ventania vem quando quer...

O comerciante limpa o balcão inocente

Enquanto suas invisíveis correntes rangem...

Na velha escola fazem marionetes

Como num filme trash de enredo falido...

Na caixa-preta estão vários nadas

E os apartamentos são espeluncas reluzentes...

Cartão de crédito cartão da funerária

Epitáfios surdos como qualquer antes...

A família caga e vomita em uníssono...

O dízimo colorido e o michê de joelhos

 Sem se preocupar com a pontuação correta...

Melões maduros num mercado que já foi modelo

E hoje é o luxo acuado por favela e mar...

O papo-reto tirou o cu da reta

E o fardão vale tanto quanto a mortalha...

Sente no colo da diva travestida

E pode começar a contar suas toscas mentiras...

A plataforma foi sem reforma entrar em forma

Pedir minhas últimas moedas sujas

O crime de inanição é como qualquer outro...

O cantor de jazz ainda prefere receber em dólares

Enquanto os foliões indigentes querem a luz...

Não há mais nenhum punk

A periferia já foi morar no sertão

A babá pisou no pé da flor nojenta

E voltou para de onde veio...

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