terça-feira, 27 de junho de 2023

Alguns Poemetos Sem Nome N° 236

 

Não atirarei

O tempo é um alvo muito distante

E o jogo de dardos

Não é a cena de algum filme...

Não atirarei

Existem muitas balas achadas

Do nosso cotidiano

Recheado de tantas incertezas...

Me atirarei sim

Deste novo abismo de palavras

Feito por algum Ícaro

Que ainda não voou para o sol...


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Os passarinhos agora tocam na banda

Os gatos de vez em quando arriscam voos

Os cães ladram atrás dos carros contentes

Onde estará aquele meu velho menino

Para tomar seu lugar de direito?


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E no meio de uma madrugada insone, mesmo em silêncio me desespero, como muitos por aí que não sei nem contar. As palavras vindas em meu pensamento são vidros que caem das velhas prateleiras. Na noite tem poeira, sim, tem e muita, mas é precisa alguma luz para podermos notar. A cegueira da noite é nossa mestra e nosso abismo de igual forma. Sonhos cortados fazem chorar ou fazem rir, depende do grau do nosso desespero. Tudo é frio na tristeza, mesmo quando aparente ser quente, mas não é...


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Fui tolo em pensar que minha memória salvaria todos, ela foi um Titanic. Fui idiota em pensar que todos os sonhos brotariam feito caroços de feijão no algodão molhado. Fui imbecil em pensar que os anjos desceriam dos céus ao nosso primeiro grito de socorro. Todo tempo traz em si a maldade para seu café da manhã. E toda alegria sofre o mal da timidez...


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Não sei porque gemia se fazia cerca de dez, quinze programas numa só noite. Deve ser porque em todo roteiro vem escrito que a timidez e a surpresa aparentes fazem parte do cardápio. Não imagino porque a inocência persiste em continuar fingindo que existe de alguma forma. A bula de vez em quando comete seus equívocos. Não existem mais andorinhas e muitos verões se aposentaram sem o merecido prêmio que fizeram jus...


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Mais um café sem açúcar, minha pobreza não permite esse luxo de ter algo para poder adoçá-lo. Mais um cigarro confeccionado com as pontas que guardei no velho cinzeiro. Mais um dia cinza e sem cores que acaba me enjoando como uma viagem turbulenta para uma pescaria inútil. Mais um choro engolido querendo mostra que está tudo bem quando nunca esteve...


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As ovelhas precisam comer, comem sempre. Só não podem escolher o que comem, não podem comer de cabeça alta. O rebanho está sempre protegido, só não está quando o lobo faz alguma visita e estava na hora do almoço. As ovelhas entram em desespero se não aconteceu nada de desastroso e não passou na televisão. Também ficam apavorados se esquecem o celular em casa ou alguém roubou numa esquina qualquer...


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