Essa plataforma está cheia
E eu nem me
sinto junto com alguém
Pode ser
alguma matrix e só eu esteja aqui...
Muitos
esperam o ônibus chegar
E eu aqui
estou para ir para nenhum lugar
Para não
fazer nada sozinho ou com alguém...
As filas
estão dobrando a esquina
E eu entrei
para não ser atendido
Ou não pedir
nada ou comprar alguma coisa...
Acendo um
cigarro que não quero fumar...
Abro uma
cerveja que não quero beber...
Não quero
saber nenhuma notícia desse jornal...
Não vou
responder nenhuma mensagem do celular...
Nem vou ao
menos abrir o guarda-chuvas se chover...
Se der fome
não comerei...
Respirar é
algo automático e inevitável...
Não me
matarei porque não tenho vontade...
Perdi a ânsia
de esperar o carnaval...
Escrever
alguma coisa para não ser lida não importa...
Nem uma
frase debochada na parede do banheiro do bar...
Se reparam
que estou feio e velho não ligo
Se a minha
roupa está suja ou amassada
Se estou
cheirando a falta de banho ou suor...
Se esqueci
de pentear o que resta de cabelo...
Se deixei de
cortar essas unhas sujas...
Se não
respondo a quem me cumprimenta
Ou ao
cachorro que abana o rabo gentil...
Não reparo
mais nas flores que eu gostava
Num jardim
de uma praça aqui perto
Que não tem
culpa nenhuma por mim...
A música
bonita que toca na televisão
Não me
emociona como fazia antes...
Não fui nada
(apenas uma tentativa de tudo)
Não deixei
frases em pedras (epitáfio não vale) ...
Tudo isso acontece porque estou confuso...
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