sábado, 3 de junho de 2023

Apenas Ossos


 O que apenas são nossos?

Os nossos ossos!...

Ossos brancos, limpinhos,

Que descansarão sozinhos,

Numa caixa de madeira,

Uma caixa derradeira

Ou seremos espalhados,

Poeira para todos os lados!...

 

Cadê aquela roupa bacana?

O passeio no final-de-semana?

O prato cheio ou vazio?

O calor danado ou o tremor de frio?

O barraco feio ou aquela mansão?

Cadê a alegria de muitos ou a solidão?

Cadê o seu amor ou seu desamor?

Cadê o seu prazer ou a tua dor?

 

 Cadê a verdade ou a mentira contada?

A família reunida ou o choro na calçada?

Onde anda sua mente sã ou sua loucura?

A sua pele clara ou a sua pele escura?

Ainda tem sua inocência ou o seu tesão?

Recebeu tiro, facada ou foi o coração?

Pegou Covid sem tomar a vacina?

Ou teve uma overdose de cocaína?

 

Você era bom ou um mau-elemento?

Era indigente ou tinha documento?

Foi embora dormindo ou se suicidou?

Sozinho em casa ou no meio do show?

Eu, você, todos nós iremos embora,

Sem data marcada, nem sequer a hora,

O que acontece é que todos iremos,

Se acreditamos em tudo ou não cremos...

 

O que apenas são nossos?

Os nossos ossos!...

Ossos brancos, limpinhos,

Que descansarão sozinhos,

Numa caixa de madeira,

Uma caixa derradeira

Ou seremos espalhados,

Poeira para todos os lados!...

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