sábado, 10 de novembro de 2018

Não Posso

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Não sei andar de bicicleta,
Não sei andar em linha reta,
Viver nesse mundo-cão sossegado,
Escutar besteiras, ser enganado,
Nem todos caminhos vão à Roma,
O paciente ainda está em coma,
Assim eu acabo tendo um troço,
Não posso, não posso...

Não entendi o que você perguntou,
Eu sou mais um idiota que amou,
Virei de costas, me deram a facada,
Tentei de tudo, não consegui nada,
Não adianta nem roubar no jogo,
Se queima quem não foi pro fogo,
Não é teu, não é meu, nem é nosso,
Não posso, não posso...

As estrelas hoje não se acenderam,
Os fios nos labirintos já se perderam,
O rato acabou caindo na ratoeira,
Pra cair no abismo, façam fileira,
Eu xinguei minha dor e ela até riu,
Não há despedida pro que não partiu,
Não sei onde guardo tanto remorso,
Não posso, não posso...

Faltam só dez segundos, vou me embriagar,
Agora tem muita ponte chamada de lar,
Andar sozinho requer ter certa peripécia,
Até o movimento se cansou desta inércia,
Tem vampiro chupando sangue no canudinho,
Chega logo, amada, eu me sinto tão sozinho,
O destino é tão amargo que nem adoço,
Não posso, não posso...

Agora criança não rimas mais com esperança,
Um tapa nos cornos eu ganhei de herança,
Já sei fazer mágicas, mas ainda falta o coelho,
Nem todo fruto depois de maduro fica vermelho,
Gosto de assistir a televisão se está desligada,
Tem muito quase tudo que é também quase nada,
A vida é uma anedota, mas não é engraçada,
Assim eu acabo tendo um troço,
Não posso, não posso...

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