quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Divagações Assim Como Devem Ser

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Assim como coisas que devem ser. Soltaram a fera, não há mais onde correr. A vida é um campo aberto, não tem furna pra se esconder. O tempo colabora, tudo demora. E quando vem a fruta já madurou, o amor já se acabou, a festa já terminou.
Nunca seremos mais os mesmos. De um minuto atrás. De um segundo á mais. De outro carnavais. Muda tudo, mesmo quando permanece. A tinta perdeu o brilho. A mãe perdeu o filho. O justo perdeu a razão. Acabou até a emoção. Não sabemos nada, não sabemos não.
Um frio gelado corre na veia. A primavera tem ventos, não dá pra brincar na areia. Nem feitiços pra se fazer na lua cheia. Me dê um gole, não está mole. Me dá um trago, é tudo amargo. Deixa eu fumar, deixa beber. Que mal há em se viver? Nem me penteei e nem escovei os dentes. Nossas alegrias são aparentes. 
Caso encerrado. Eu tou lascado. Descobriram que eu tava apaixonado. O que há de errado? Faz parte do show a cara no muro. Não tem passado, não há futuro. É complicado, é tudo escuro. Assim, assado, ainda tá duro.
Ficava tão bonito aquele cabelo esquisito. Bonita aquela cara de sono. Sou cão sem dono, nem tenho trono, só abandono. Gosto ainda de misturar palavras até não mais poder. Vire a cara, não vai doer. É peça rara, vai entender. Olha que eu pulo, é minha sina, eu adoro, minha bailarina.
Um dia desses nasci de olho azul. Hoje olho o norte e vejo o sul. Mas não sou bobo, a carne está debaixo do angu. Eu fiz tanta coisa, já nem lembro. Eu sei que tudo termina no fim de dezembro. Eu sou faquir, eu cai aqui, levanto ali, não tenho medo, só do saci. Descobri o enigma, mas não entendi.
O maior pesadelo é um fim do mês, sem contudo e também sem talvez. Quem se deu bem? Foi o burguês. Que prepara o ferro pra marcar a rês. São tantos os desesperados, os malamados, os desempregados. Que nem bate-papo é mais fiado. Tudo tem graça, nada é engraçado. Nunca se sabe, o certo, o errado.
Eu queria falar de coisa boa, de alegria. Sem guerra quente, sem guerra fria. Mas a alma tá cheia e a barriga vazia. Ando cheio de dores, cadê meus amores?, senhoras e senhores. Não há mais o que falar. Adeus e tchau, eu já vou já...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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