sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Céu Bobo Sem Prata

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a solidão também mata
eis-me aqui
sem ter onde fugir
minha ilusão barata

onde é que estou?
estou num pesadelo
aflito sem apelo
pouco me restou

a maldade me desacata
eis-me estendido
quem dera ter fugido
dessa minha ingrata

onde é que eu sou?
choro todo o dia
sem sua companhia
nada assim restou

o amor é uma chibata
eis-me aqui a ver
um mundo sem você
um céu bobo sem prata...

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Aquilo Que Eu Queria Dizer e Não Disse

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A boca ficou calada no último instante
É pena... Me faltou a voz...
Gostaria de gritar como alguns poucos
Mas é a vida que segue adiante.
Que os pássaros cumpram sua tarefa
E alegrem mais um dia triste...
Não sei se as palavras sairiam bonitas
Como um tempo julguei até ser
Ou sei feias como a minha alma agora...
Aquilo que eu queria dizer e não disse...
Aquilo que eu queria falar e não falei...
Que eu queria fazer parte da sua turma
Porque afinal eu não era tão sério assim...
Eu que sempre tive medo de estender a mão
E a coitada ficar pendente no vazio...
Não adiantou meu gesto amedrontado
Porque hoje sei que a vida tem duas respostas
Não existe o meio para a maioria das coisas...
O olhar ficou o mais tímido de todos
Deveria saber... Talvez já soubesse...
Mas como sempre vivemos negando
E até nossos sonhos se tornam pesadelos
São sempre tênues as linhas entre os opostos...
Tanto bem e mal aprenderam a sorrir
Mentiram e verdade foram amigos de escola
Morte e vida passeiam pelo mesmo caminho
Dia e noite fazem parte do mesmo relógio...
A boca ficou calada no último instante
É pena... Me faltou a voz...

(Extraído do livro "Todo Amor Que Eu Não Tive" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Na Garganta Número 2

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Chega!
Mentiras demais é o que temos
E isso não pode ser assim...
Do que você tem medo?
Da morte? Da dor? Do ridículo?
Por que ter medo da morte?
Ela virá mais dia, menos dia,
Baterá em nossa porta
E entrará de qualquer forma...
Temos medo da dor?
Já nascemos chorando,
Vivemos do choro o tempo todo,
Seja o nosso ou o que provocamos...
Será que o ridículo nos aterroriza?
Nada deixa de assim o ser,
Olhamos sempre com nossos olhos,
Mas esquecemos de muitos outros...
Chega!
Já temos provas mais que suficientes
Que somos a maior praga do mundo...
Do que você tem medo?
Da morte? Da dor? Do ridículo?
Por que ter medo da morte?
Ou você vai pra onde merece,
Ou vai pra lugar nenhum,
O que no fundo dá na mesma...
Temos medo da dor?
Então tomemos vergonha na cara
E paremos de uma vez
De causar ou esquecer da dor dos outros...
Será que o ridículo nos aterroriza?
Aprendamos com os bichos e as crianças
Que vivemos jogando fora a pouca alegria
Que podemos ter em troco de nada...
Chega!
Aproveitemos totalmente as manhãs que temos
É o maior espetáculo da terra estarmos vivos...
Deixemos de negar pelo menos nosso sorriso,
Sorrisos não dados são mais tristes que flores mortas...
Tenhamos mais um pouco da coragem que nos falta
De não aceitarmos a covardia, a maldade e a violência...
Não se esqueça que a injustiça que aceitamos
Um dia também irá nos atingir com toda a certeza...
Não escondamos a verdade sob o tapete
Mesmo quando ela aponte o dedo contra nós...
De forma alguma desperdicemos nossos defeitos,
A consciência deles nos ajudará com nossos acertos...
Não somos anjos e nem tampouco demônios,
Somos os dois e isso é que o somos pra caminhar...
Temos que rir mais, dançar mais, cantar mais,
Sem nos importarmos com as amarguras que passarão...
Ah! E não esqueçamos nunca de fazermos versos,
As meras palavras seguem, os versos ficam...
Chega!
Era só isso que eu queria falar, meu querido amigo...

Na Garganta Número 1

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Na garganta
preso
não adianta
o peso

Paremos de mentiras enfeitadas
protegendo nós corremos
mais ainda sem batalhas travadas
é o que para hoje temos

Nada olhamos
inocentes
só salvamos
parentes

Para a mentira eis a senha
faça tudo escondido
nada impede que a morte venha
ai quem dera ter morrido

Não ouvimos
moucos
só caímos
loucos

Somos fracos e somos covardes
disso não temos vergonha
por dias e por dias e por tardes
nos mata a nossa peçonha

Na garganta
preso
não adianta
surpreso

O Sonho

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O sonho que sonho
É apenas sonhado
Pra descer lá das nuvens
Ainda falta um bocado

O sonho que sonho
É pecado já perdoado
Desses que se perdem
E não é mais encontrado

O sonho que sonho
É desejo assassinado
Pelo meu destino
Esse grande malvado

O sonho que sonho
Ri de mim como um debochado
Antes não o tivesse
Esse grande malvado...

Teoria do Sentido

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Andando em ruas feito estas, num tempo que nem faço mais questão de medir. Quando somos alguma coisa, aí sim, procuramos algum ponto de referência, alguma bússola que nos tire do sufoca. Agora? Agora falta qualquer porto, seguro ou não.
Tudo está no seu lugar. Grande engano. Mesmo se o cara dos teclados tenta demonstrar algo que, afinal, nem sentimos. 
Não reparem, por favor, em minha gramática. Não tive tempo para preparar minhas malas, todas as surpresas primam por sua pontualidade desde o começo dos tempos.
Eis aqui o grande segredo de tudo. A aparência possui o roteiro entre as mãos e é um meticuloso diretor. Quem escreveu o enredo? Deve ter sido alguém. Nada muda, a verdade é essa. E mais ainda nos aflige sabermos que as nossas máscaras estão grudadas nos rostos. 
A medida certa de tudo é o inusitado, o insólito é bom moço que vive nos fazendo grandes favores, o absurdo é um grande mestre de pequenas lições. Não temos plena culpa se a vida é quase sempre mau-humorada, mas assim o é.
Grandes mentiras flutuam pelo ar, algumas de uma cor, outras de outra, algumas suaves, outras mais pesadas. Todas elas acabam conseguindo seu objetivo - nos ferir.
Acabamos sorrindo mais que as esfinges, mas nossa quimera não abre mão de comparecer nas festas que damos. Nossa dor é coberta de gentilezas e acaba nos ensinando à nos escondermos o tempo todo.
É tudo muito fácil para nós, sobretudo, a dificuldade. A memória é o nosso carrasco, assim como num filme, existe uma música de fundo esperando nossas reações.
Temos eternamente claras dúvidas. Porém gostamos de enfeitá-las como o rosto dos clowns ou a nova parede à ser pichada. Imitamos gestos para passarmos desapercebidos e, quem sabe, estarmos na unanimidade nos livre dos projéteis que sempre vêm à esmo.
Gosto bastante de reticências e interrogações, mas exclamações, geralmente, acabam vindo em nossas caixinhas de surpresa. Linhas retas vão sempre até os abismo, é isso que denominamos lições. 
Todo tempo acaba sendo suficiente, mesmo quando nos falta, num rápido estalar de dedos acontece a mágica. Grãos de areia para fazer montanhas, gotas construindo quaisquer mares e alguns beijos para a paixão mais avassaladora que pode ter sido vista.
Gostamos de flores, mas somos ótimos mentirosos. O papel dos vilões sempre faltam, mas o dos mocinhos acabam sobrando.  Os números são grande atrapalhados, a exatidão é uma faca sem gume algum.
Eu só tenho três medos: de mim, de todas as outras pessoas e de todas as outras coisas. Simples, não? Só erramos em três fases: no passado, no presente e no futuro. Seria engraçado se assim não o fosse.
Há um certo ar de malvadeza em tudo que se parece igual. Os grandes do mundo que o diga. Eu quase sei disso, mas apenas um detalhe faltou para a obra-prima nascer. 
Tenho que caminhar mais um pouco, nem que seja para regressar para casa...

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Eu Fiz Um Poema Com Seus Olhos

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Eu fiz um poema com seus olhos
e quando vi, já era muito tarde,
era a noite que veio caindo
e corri como fosse um covarde...

Confesso que não pude resistir,
eram tão belos, de encontro aos meus,
mas eis que eles foram embora
sem deixar pelo menos um adeus...

Agora vou procurando eles de volta,
alguém aí, sabe onde eles estão?
Procuro-os em todos possíveis cantos,
mas esta procura foi toda em vão...

Eu fiz um poema com seus olhos,
talvez o último, antes de morrer,
mas a noite já vem caindo
e me pergunto: onde estará você?...

(Extraído do livro "Todo Amor Que Eu Não Tive" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Pequenas Mortes

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Eu morro em cada dia que vai nascendo
Sem ao menos perceber, tudo é normal
As coisas que gostava vão desaparecendo
Pra onde foi aquela alegria do meu quintal?

Eu morro quando a covardia é celebrada
Quando o certo parece que errado está
Quando cada caminho nos conduz ao nada
Quando cada brinquedo acaba de quebrar

Eu morro com as chuvas feias e imprevistas
É toda a água que tenho assim derramado
A tristeza que escorrem em minhas vistas

Morro como um louco, um pobre perturbado,
Como quem folheia em vão velhas revistas,
Porque você não está mais ao meu lado...

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Minh'Alma Vagabunda

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Vagabunda, minh'alma que canta
Mesmo sem uma música de fundo,
Não há medo, mais me espanta,
Agora só quero sair pelo mundo.

Já passei todos os reveses da vida,
Atravessei todos os desertos que há,
Eis aqui as todas as minhas feridas,
Não importo se não as posso sarar.

Vou qualquer dia desses no cais,
Ver se o meu barco já está pronto,
Já dispensei todos meus carnavais,
Pode marcar, morte, nosso encontro.

Não quero o trabalho de carpideira,
Afinal, a vida é só mais uma piada,
O que eu sonhei foi apenas besteira,
Deixem pra lá, já não há mais nada.

Vagabunda, minh'alma que anda
Por todos os caminhos do mundo,
Tudo é uma festa, tudo é ciranda,
Acabou tudo apenas num segundo...

domingo, 25 de novembro de 2018

Muitas Guerras

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é fato sabido e conhecido
que deságuam sobre nós temporais
pois a morte é prêmio recebido
não queremos nunca e jamais

comédia e drama
crime cometido
mais um programa
bom ter comido

e as mentiras rolam e soltas
os inocentes são as vítimas fatais
a miséria em águas revoltas
combustível para nossos jornais

real e mentira
plano arquitetado
há quem prefira
viver enganado

não que seja um cara pessimista
pois sou até otimista demais
o tempo é que passa sem deixar pista
caminhemos sem olhar pra trás

fábula e farsa
enterro e riso
ninguém disfarça
morreu o siso

a modelo vai fazendo caras e bocas
mesmo se sob o chicote do capataz
minhas cordas vocais já ficaram roucas
de tanto anunciarem os lamaçais

medo e raça
final de jogo
é só pirraça
é bom pro fogo

é fato sabido e conhecido
que as folhas viajam nos vendavais
pode valer a pena ter vivido
se me derem apenas um pouco de paz

comédia e fama
tenho sofrido
ninguém me ama
não faz sentido

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 24 de novembro de 2018

Uma Balada para A Lua Número 2 (Segunda Versão Sintética)

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Bailarina seminua
toda minha, toda tua,
minha rua, tua rua

Sou um bicho
com capricho,
guardo dores
e antigos amores

Corre vento
num momento,
tão vazio,
sinto tanto frio

Não há nada,
mas estás calada
pois à escutar
esse meu chorar

Tu não nega,
não me cega
como faz o dia,
amorosa companhia

Vou embora,
Já é hora,
Hoje não vou partir,
simplesmente dormir...

Uma Balada para A Lua

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Amada nua entre as estrelas,
guia da noite de um solitário,
berço original de amantes e poetas,
eis-me aqui em versos mais tristes,
para te saudar...
Dona implacável das marés,
canção terna e mais doce,
enigma mais indecifrável
onde Jorge mata eternamente o dragão,
eis aqui os meus olhos...
Permita-me que sonhe novamente
com aquelas luzes antigas
que eu vi um dia longe no passado,
quando era apenas um menino,
mas por isso mesmo, podia sonhar...
Leva-me em terna segurança,
fora do perigo das ruas em que sigo,
sou agora apenas um bicho da noite,
um gato, um pássaro, talvez um lobo
e tenho medo do dia seguinte...
Compreenda todo o meu desespero,
tu que reinas sem pudor algum,
há muito procuro a minha alegria,
tropeço em meus próprios passos
pois ando assim bêbado de esperança...
Lua! Lua! Lua! Mil vezes amada,
tem pena porque o Sol, malvado, ri de mim...

Novo Corte

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Novo corte
nova sorte
nova morte

Sou carioca, velho boêmio, metido à poeta,
tá difícil, malandro, tirar o meu da reta,
de palhaço o circo tem andado cheio,
mas peço, por favor, tira a mãe do meio,
pode rir e rir muito, pode rir à vontade,
já perdi tantas coisas, inclusive a mocidade...

Nova lida
mas que vida
só descida

Dá trabalho falar só das coisas mais felizes,
olhe aqui, eu tenho muitas e muitas cicatrizes,
cada uma delas é apenas um sonho que acabou,
me passe logo essa receita, eu preciso, seu doutor,
pode ser que dessa vez eu consiga até dormir
e nem me importe com nada, nem se a casa cair...

Novo nada
pela estrada
é madrugada

Me desculpem, é assim mesmo, eu muito repito
porque o meu coração é apenas eterno conflito,
se eu não gritar vou acabar tenho um treco,
se quiser que vá embora, é só juntar os cacarecos,
o pouco que tenho, se quiser, posso até deixar,
só não vou me esquecer de conjugar o verbo amar...

Novo inglês
todo mês
minha vez

Se eu for lá pra cima, posso fazer batucada no céu?
tomara que tenha, senão vou fazer aquele escarcéu
tomara que tenha coisas que já não voltam mais,
meus brinquedos perdidos, meus antigos carnavais,
além de todos os que eu amei e que já foram embora,
não é que eu queira morrer, mas tudo tem sua hora...

Novo corte
nova sorte
talvez norte...

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Eu Quase Tenho Certeza

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Eu quase tenho certeza
que os olhos falam mais que a boca
porque só eles podem entender
a linguagem do amor 
e o poder da ternura...

Eu quase tenho certeza
que vida e morte são igualmente boas
porque cada uma delas 
cumpre a sua parte da história
e andam de braços dados...

Eu quase tenho certeza
que não existem tamanhos para as coisas
são iguais flores e estrelas
aquelas para enfeitar o dia
e estas para nos guiar pelas noites...

Eu quase tenho certeza
que o amor mesmo quando nos machuca
possui a melhor das intenções
sem ele não há existência
e a alma corre perigo de morrer...

Eu quase tenho certeza
que a poesia nos aproxima do infinito
porque sonhar é o nosso maior dom
que o tempo não pode consumir
nem os ladrões podem nos roubar...

Eu quase tenho certeza
que um dia as correntes serão quebradas
que os velhos erros serão consertados
e haverá a maior de todas as festas
porque todos terão seu lugar sob o sol...

Eu quase tenho certeza
que apesar de todas as lágrimas que chorei
de todos caminhos malvados que passei
de todos espinhos e todas pedras que feriram
a esperança teima e continua aqui...

Eu quase tenho certeza...

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Divagações Assim Como Devem Ser

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Assim como coisas que devem ser. Soltaram a fera, não há mais onde correr. A vida é um campo aberto, não tem furna pra se esconder. O tempo colabora, tudo demora. E quando vem a fruta já madurou, o amor já se acabou, a festa já terminou.
Nunca seremos mais os mesmos. De um minuto atrás. De um segundo á mais. De outro carnavais. Muda tudo, mesmo quando permanece. A tinta perdeu o brilho. A mãe perdeu o filho. O justo perdeu a razão. Acabou até a emoção. Não sabemos nada, não sabemos não.
Um frio gelado corre na veia. A primavera tem ventos, não dá pra brincar na areia. Nem feitiços pra se fazer na lua cheia. Me dê um gole, não está mole. Me dá um trago, é tudo amargo. Deixa eu fumar, deixa beber. Que mal há em se viver? Nem me penteei e nem escovei os dentes. Nossas alegrias são aparentes. 
Caso encerrado. Eu tou lascado. Descobriram que eu tava apaixonado. O que há de errado? Faz parte do show a cara no muro. Não tem passado, não há futuro. É complicado, é tudo escuro. Assim, assado, ainda tá duro.
Ficava tão bonito aquele cabelo esquisito. Bonita aquela cara de sono. Sou cão sem dono, nem tenho trono, só abandono. Gosto ainda de misturar palavras até não mais poder. Vire a cara, não vai doer. É peça rara, vai entender. Olha que eu pulo, é minha sina, eu adoro, minha bailarina.
Um dia desses nasci de olho azul. Hoje olho o norte e vejo o sul. Mas não sou bobo, a carne está debaixo do angu. Eu fiz tanta coisa, já nem lembro. Eu sei que tudo termina no fim de dezembro. Eu sou faquir, eu cai aqui, levanto ali, não tenho medo, só do saci. Descobri o enigma, mas não entendi.
O maior pesadelo é um fim do mês, sem contudo e também sem talvez. Quem se deu bem? Foi o burguês. Que prepara o ferro pra marcar a rês. São tantos os desesperados, os malamados, os desempregados. Que nem bate-papo é mais fiado. Tudo tem graça, nada é engraçado. Nunca se sabe, o certo, o errado.
Eu queria falar de coisa boa, de alegria. Sem guerra quente, sem guerra fria. Mas a alma tá cheia e a barriga vazia. Ando cheio de dores, cadê meus amores?, senhoras e senhores. Não há mais o que falar. Adeus e tchau, eu já vou já...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Humana Máquina

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Onde os sentimentos foram esquecidos,
Aqueles mais nobres já se apodreceram
E até os teus ossos nossos ratos já roeram,
Foram tantas banalidades que aconteceram,
Cegos pros cegos, pras crianças e desvalidos...

E por mais que inventemos mais sentidos,
Aquela nossa alma se transformou em pó,
Eu conheço o dinheiro, não conheço o dó,
Isso é coisa antiga, já no tempo da minha avó,
Nossos fantasmas ficarem bem escondidos...

Somos um pouco menos do que anjos decaídos,
Se deixarem eu consigo apagar a luz do dia,
Consigo arrancar dos olhos qualquer alegria,
Eu acabo com a reza, destruo a harmonia,
Sei negar todos e quaisquer dos teus pedidos...

Nossos prazos de validade já estão vencidos,
É piada de mau-gosto essa tal de sociedade,
Somos máquinas enfurecidas - eis a verdade,
Já tirei do meu vocabulário a tal piedade,
Isso não é de agora, isso é de tempos idos...

Já amanhece e os nossos dramas são repetidos,
Tome um café, fume um cigarro, leia o jornal,
O que importa é não sofrer, mas o resto é normal,
Tem batuque, tem truque, vai ter um outro carnaval,
Tenham cuidado, fechem logo os seus ouvidos...

Tem algum mecânico aí na casa???...

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Reality

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estamos onde não estamos
podemos mas não podemos
amamos mas não amamos
e nem por isso morremos...

somos os vilões da história
os palhaços no picadeiro
cada traço na memória
a chuva que cai em janeiro...

brigamos mas apanhamos
lemos mas não entendemos
sonhamos mas não sonhamos
pesadelos? é o que temos...

gaste seu tempo e viva
na mão há mais o que fazer
respirar é uma iniciativa
caminhar até não poder...

cantamos mas não cantamos
queremos mas não queremos
se tiramos o que damos
foi porque nunca demos...

a máscara caiu no chão
ela acabou se partindo
nossa única solução 
é se a fantasia vem vindo...

estamos onde não estamos
podemos mas não queremos
amamos mas não amamos
e é por isso que morremos...

Muito Pouco de Nada


Nem dias mais existem. Quando muito alguma coisa parecida com o tempo e isto acaba bastando. Grandes enigmas, pequenas coisas. Da forma imediata que meus olhos veem. Faltam ou falham alguns sentidos.
Há fogo na floresta. O que podemos fazer? Faltam bicos para nossas andorinhas. Triste isso. Mas o que não é triste? Rimas ou não. Alento e desalento em nosso cardápio. É o que temos para hoje, hoje e sempre...
Eu tento andar, mesmo que seja só aqui por dentro. Muitos e muitos países devem haver, assim como alguns detalhes que se desapercebem. Tudo desaparece num passe de mágica. E quando nossa memória funciona, eis um forte indício de algum milagre acontecendo.
Bom dia, dia. Os desatinos entram na sua fila obrigatória. A loucura consulta sua agenda. E os monstros tomam seu café da manhã tranquilamente. Nada poderá dar certo se algum erro não entrar na moda.
Em vão esperamos que dê pane na casa das máquinas. É complicado constatarmos que não há mais constatações. Só as lendas podem nos salvar, as histórias entraram em nova greve. Onde estão as mentiras? No mesmo lugar de sempre, possuem uma preguiça habitual e contumaz...
Evito em falar de certas coisas, acho que sempre foi assim. Desde antes, desde Freud que totens e tabus sempre nos telefonam nos dando engraçados trotes. A inércia possui muitas rimas, as avalanches foram apenas um floco que acabou caindo com certo efeito...
Tanto faz, esta é a sábia resposta dos sábios. Os tolos sempre assinam embaixo. Vamos fazer determinados ritos por puro hábito. Juntamos sempre alguns cacarecos para que a bagagem pese mais e acabemos exaustos. Não precisa ser assim...
Tudo é tão simples que acaba até complicando. Nada mais posso fazer. O destino e a sorte são dois eternos apaixonados, mas sua timidez acaba prejudicando o romance. 
Antes, eu queria me embriagar. Hoje percebo que isso acontece e eu nem noto. Sempre foi assim, eu esperava e espero pela alegria e se ela passou ou se passará, desconheço...
Alguém deve estar nascendo nesse exato momento, alguém pode estar morrendo, as engrenagens do tempo sempre funcionam, independente de quantos padres-nossos e de quantas aves-marias forem para o ar...
Quase nada, quase tudo. Até os cães fazem silêncio vem em quando. Os gatos sabem aproveitar telhados e muros. Todas as pedras acabam possuindo sua maciez, é só trocarmos as lentes.
Um menino está lá fora, deve ser eu e olha que só agora notei isso. Minha alma pouca se importa com meus desatinos, o costume se acostuma com tudo. É por isso que a solidão acabou esquecendo suas algemas e o flagrante acabou dando errado...
Continue então como bobo as minhas palavras. É tudo que tenho e quero...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

E A Chuva Caiu...

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Dispenso as mentiras alegres
elas poderão doer mais na frente
eis que chega a nossa decepção
porque toda a história foi diferente...

Podia ser, mas acontece que não foi,
a chuva caiu, estragou-se o dia
e nossa certeza acabou de ir embora,
mal restou um pedaço de alegria...

Os pássaros continuam cantando?
Sim, é esse o seu árduo trabalho...
Porém a estrada sempre nos cansa,
na vida não existe nenhum atalho...

A vida é mesmo quando não é,
felizes somos mesmo sem felicidade,
o riso de um é o choro de muitos,
lamento, mas não há outra verdade...

Vivamos então do jeito que der,
a água cai, a nossa vista turva...
Por que devemos então enxergar
se a morte está na próxima curva?

A chuva cai... Uma hora o sol chega...

domingo, 18 de novembro de 2018

Acesa

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Acesa em mim a chama
do sonho que não pára 
Onde o seu final?
Nem a morte... Nem a morte...

Desperto em mim outro dia
em cores conhecidas e não
Onde foram todos?
Para longe... Bem longe...

Acaba em mim a neblina
de uma ilusão dispersa
Acabou a festa?
Mal começou... Mal começou...

Dispersa em mim tão ventos
folhas mortas e caídas
Já poderei voar?
Há muito tempo... Muito...

Acesa em mim a lâmpada
que alguém apagou
Seria meu final?
Vem a morte... Vem a morte...

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Pó, Poeira e Festa

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festejemos as cinzas jogadas fora
aquilo que não queremos temos mais
a nossa própria alegria treme e chora
vamos atolando nesses tremendais


pó, poeira, cinza, carvão
acabou a vida, restou a emoção

estamos andando sós no escuro
não vemos um palmo à frente do nariz
logo ali em frente tem o nosso muro
ânsia de cada um em ser alguém feliz

pó, poeira, cinza, carvão
queremos o sim, só temos o não

até as lágrimas vamos economizar
está tudo caro e estamos todos carentes
olhe o tapete de vidro que vamos pisar
tomar uma porrada e perder os dentes

pó, poeira, cinza, carvão
vou ali bater cabeça pra televisão

está na agenda o dia marcado pra morte
vai ser o acontecimento máximo do ano
e quem sabe com um pouco mais de sorte
a gente consegue finalmente entrar pelo cano

pó, poeira, cinza, carvão, festa
tudo é bom e nada presta...

Alguns Poemetos Sem Nome Número 7

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nem sempre a mentira fere
nem sempre a verdade salva
tudo depende do sonho
donde ele está, donde ele estava

nem sempre a noite nos mata
nem sempre o dia dá a vida
tudo depende da dor
donde está, donde estava a ferida

tudo depende...

...................................................

os porquinhos-da-índia
foram morar num condomínio
junto aos meus calopsitas
e nunca brigaram
seria muito bom
se fossem para ONU
ministrar palestras
sobre como a convivência
de todos seres
é sempre possível...

..........................................................

Não me chamo Arthur
não entendo de filosofia
mas aprendi à fazer
do sonho minha alegria!

Não me chamo Francisco
não entendo de cantoria
mas sei sonhar acordado
como mais ninguém faria!

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foi quando me perguntaram
sobre a necessidade
de versos tão desesperados
que nasceu esta resposta
saindo do peito
e indo até a garganta:
meus versos não são desesperados!
eu que sou o próprio desespero...

...................................................................

Tudo nasce
sob um disfarce
é velho o moço
o silêncio é alvoroço
a solidão companhia
virou noite o dia

Tudo nasce 
sob um disfarce
o pouco quer mais
nascimentos funerais
caso encerrado
outro começado...

.............................................................................

pedrinhas conchinhas
florzinhas pequenos bichos
pequenas luzes na noite
cenas imperceptíveis
detalhes desapercebidos
segundos corridos
superam de longe
a maldade dos homens
e suas grandes tolices
que viram pó...

.................................................................................

Quem sabe um dia, meu amor,
quando das pedras falarem,
e o desespero tomar conta de ti,
saberás então que o louco que eu era,
o palhaço, o bobo, o feio,
era quem tem trazia a alegria nos bolsos?

Necessários

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O caminho me dá medo
Mas tenho que andar
O espinho fere o dedo
Mas agora é o que há

A paixão sufoca
A amizade me trai
A chama me toca
Minha estrela cai

O mundo maltrata
A solidão logo vem
A vida nos mata
Unidos mal e bem

Do chão viemos
O chão nos come
A razão nós temos
Não temos nome

A canção nos alegra
O barulho alucina
A sorte vem e nega
Mas tudo é sina

A justiça condena
A piedade nos abraça
A velhice nos acena
E a juventude passa

O caminho me dá medo
Mas tenho que andar
O teu carinho foi cedo
E não quer mais voltar...

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Velas Apagadas

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apenas um simples sopro
o fim de uma ilusão
um vento imprevisto
um bem ou um mal
e aí nada mais importa...

a praga dita de efeito ou não
atraso de um minuto
o rio que segue adiante
a estrada que vai longe
ou simples notícias publicadas...

um tempero inválido
um terreno inóspito
algumas palavras vulgares
ou versos de talvez inocência
não existe apelação...

a fama ou a caverna
o foguete que subiu e falhou
uma estrela malvada
a dúvida mais certeira
o diagnóstico esquecido...

todas as classes de palavras
os adjetivos e os superlativos
desconhecemos o idioma a alegria
só conhecemos as intermináveis filas
e as mais salvadoras liquidações...

velas apagadas somos nós...

Eu Não Queria

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Eu não queria, juro que não queria,
falar só de tristeza, queria só alegria...

Mas é que os castelos caíram,
os que eu amava partiram,
sou apenas isso que você vê,
cada dia é mais um dia à morrer...

Eu não queria, juro que não queria,
só queria partir pra aquela estrela vadia...

Não tenho culpa, não tenho não
se dói desse jeito esse meu coração,
se tantas setas vão me atingindo,
se tantos sapos eu vou engolindo...

Eu não queria, juro que não queria,
a festa se acabou, a madrugada está fria...

Mesmo que tudo pareça estar bem,
não existe nada e não existe ninguém,
que possa me tirar desse meu sufoco
afinal, quem é que vai amar um louco?

Eu não queria, juro que não queria,
minh'alma está cheia, mas a mesa vazia...

As palmas ecoam, os vivas pelos ares,
mas isto não diminui os meus pesares
e cada sonho se tornou um pesadelo,
no meio do nada ninguém vai ouvir meu apelo...

Eu não queria, juro que não queria,
mas está feita a troca, tristeza por alegria...

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Tem Gente

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Tem gente que ri de contente
tem gente que só sabe chorar
tem gente perto qual parente
e outras que só se ouviu falar

Tem gente que merece medalha
tem gente que merece desprezo
uns que nem o sol que trabalha
outros um lampião não aceso

Tem gente que foi embora
tem gente que morreu de medo
tem gente que perde a hora
e outra que acorda mais cedo

Tem gente que quase bonita
outras são assim quase feia
algumas fazem coisa infinita
outras vão escrevendo na areia

Tem gente que se mete em tudo
tem gente que quer mais nada
tem gente que só quer veludo
outros só possuem roupa rasgada

Tem gente que só sabe pedir
tem gente que só sabe reclamar
alguns levam a vida à cair
e até uns poucos sabem voar

Uns bebem somente da água
uns outros só querem aguardente
gente que guarda tanta mágoa
que nem mais parece com gente

Tem gente que vive um só dia
tem gente que vive até cansar
tem alguns que fazem até poesia
é tanta gente pra poder se falar...

Poema ao Poema

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infinitas formas
tiradas de minhas entranhas
variadas normas
conhecidas e tão estranhas

eu te descobri
isso já em muitos janeiros
eu te escondi
da maldade dos carcereiros

letras variadas
momentos sãos e insanos
em várias estradas
lá se vão todos esses anos

eu me desesperei
quando assustado fugias
e por onde eu andei
na verdade só tu sabias

infinitas formas
tiradas de dentro do meu ser
variadas normas
sem ti é bem melhor morrer...

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Encena

O NU ARTISTICO - Focus
peroladas matres de um vazio cósmico
em sedas falsas um tipo assim
e eu num falso interlúdio  orgásmico
sem começo apenas mais um fim
realejo não te vejo como te desejo
sou um pobre coitado de mim

a morena finge uma encenada alegria
passam passos no meu borzeguim
enquanto alguns poetas bem ao longe
ainda pedem cheiros de alecrim
e as fadas promovem o seu triste enterro
escondendo o corpo por sob o capim

eu já não sei mais aquilo que não houve
roubaram meu pó de pirlimpimpim
já se desbotaram todas essas tristes cores
só me restando aquele teu carmim
e me enfebro e vou morrendo aos poucos
 nada mais resta pr'esse seu arlequim

é que me atordoa e é que também me enjoa
esse cheiro forte vindo do jasmim
tudo teve um preço foi um chute pro começo
alguém aí já ficou e estará sempre afim?
pois eu aposto até todas aquelas minhas dores
que estão guardadas numa torre de marfim...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Em Desespero de Causa

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Atirei a flecha e acabei flechado
Acendei a mecha e morri queimado
Foi o único louco à dançar na praça
É uma febre alta que não passa...

Corri direto na direção do abismo
Tentei me esconder em algum lirismo
Olhei fixo em direção para o nada
E nem reparei uma lágrima rolada...

Pensei que poderia mudar o mundo
Achei que poderia ser apenas vagabundo
Olhar sereno as flores do meu jardim
E te amar com um amor sem ter fim...

Achei que a vida seria algo bom de viver
Que cada pessoa teria algo para comer
Pensei que a morte faria alguma pausa
Mas isso foi um simples desespero de causa...

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

PassaTempo

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Passa tempo
passa vento
passa alento
passa rápido
sem pressa
o mais?
Não interessa!

Eu escolho
palavras vadias
eu me encolho
pelas manhãs frias
o que deu
o que era meu?
Já morreu!

Passa tempo
passa atento
passa tento
passa cego
passa olhando
quando será?
Até quando!

Eu engasgo
com a aguardente
como é amargo
um coração doente
faça o jogo
faça logo
Eu te rogo!

Passa tempo
passa vento
eu não tento
passa rápido
sem conversa
o cais?
Não interessa!

Caso Queira

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Caso queira 
vire as costas e vá andando
a vida é feita de decisões
certas ou erradas
ser humano é ser assim...

O sol já nasce
parece um lugar comum
mas não é
muita gente
ainda tateia no escuro...

Caso queira
não me ame nunca mais
não se importe
se ando escrevendo
mil juras de amor...

A primavera enlouqueceu
ou ficou generosa demais
em me dar flores
tão bonitas quanto você
pra encher meus olhos...

Caso queira
fale mal de mim
que não cumpri as promessas
que em meu desespero
fiz num qualquer dia desses...

Eu não movo uma palha
pra mudar o que sinto
e se vou sofrer tanto faz
quem conhece a rosa
se acostuma com o espinho...

sábado, 10 de novembro de 2018

Luz Sem Luz, Mais Nada

Resultado de imagem para menino no escuro
Luz sem luz
Só minha madrugada
Apenas pó
Mais nada...

Inocência morta
Cadência acabada
Eu apenas morri
Mais nada...

Sou bem e mal
Coisa misturada
É sal que queima
Mais nada...

Quero partir
Me dê a estrada
Carpir em versos
Mais nada...

Luz sem luz
Ela é minha viciada
Estou tão só
Mais nada...

Não Posso

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Não sei andar de bicicleta,
Não sei andar em linha reta,
Viver nesse mundo-cão sossegado,
Escutar besteiras, ser enganado,
Nem todos caminhos vão à Roma,
O paciente ainda está em coma,
Assim eu acabo tendo um troço,
Não posso, não posso...

Não entendi o que você perguntou,
Eu sou mais um idiota que amou,
Virei de costas, me deram a facada,
Tentei de tudo, não consegui nada,
Não adianta nem roubar no jogo,
Se queima quem não foi pro fogo,
Não é teu, não é meu, nem é nosso,
Não posso, não posso...

As estrelas hoje não se acenderam,
Os fios nos labirintos já se perderam,
O rato acabou caindo na ratoeira,
Pra cair no abismo, façam fileira,
Eu xinguei minha dor e ela até riu,
Não há despedida pro que não partiu,
Não sei onde guardo tanto remorso,
Não posso, não posso...

Faltam só dez segundos, vou me embriagar,
Agora tem muita ponte chamada de lar,
Andar sozinho requer ter certa peripécia,
Até o movimento se cansou desta inércia,
Tem vampiro chupando sangue no canudinho,
Chega logo, amada, eu me sinto tão sozinho,
O destino é tão amargo que nem adoço,
Não posso, não posso...

Agora criança não rimas mais com esperança,
Um tapa nos cornos eu ganhei de herança,
Já sei fazer mágicas, mas ainda falta o coelho,
Nem todo fruto depois de maduro fica vermelho,
Gosto de assistir a televisão se está desligada,
Tem muito quase tudo que é também quase nada,
A vida é uma anedota, mas não é engraçada,
Assim eu acabo tendo um troço,
Não posso, não posso...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...