sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Mandigaria


A vida engolida que nem cachaça...

Viver? É muito mais do que pirraça...


Dormir sem saber do acordar amanhã,

Acordar sem saber se poderá dormir,

Não saber onde logo mais estaremos,

Se estaremos aqui ou estaremos ali...


A vida mastigada feito pão dormido...

Viver? Sem cachorro no mato perdido...


Comer sem saber se tem mais comida,

Comer pensando num próximo prato,

É tudo daquele mesmo jeito de sempre,

O destino nos fazendo de gato e sapato...


A vida tomada feito um gole de café frio...

Nunca estive mais cheio de tanto vazio...


O sonho é mais um pesadelo agradável,

Sonhar é como final fingido desta novela,

O sonho do pobre é morar num barraco

Enquanto come seu pão com mortadela...


A vida quase igualzinho que nem corte...

O morto está vivo e o vivo quase na morte...


A vida parece até mandiga... Não parece?...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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