segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Desenhos Na Madrugada

Eu faço tudo aquilo que pode ser apenas feito.

Raramente consigo respirar sem vogais e consoantes.

Vejo as estrelas nos antigos jornais das bancas.

Ainda temos cabelos porque a moda está valendo.

Tenho a faca e o queijo e agora só me falta o rato.

Os restos mortais de todos os famosos não sobraram.

Um simples sussurro pode acordar nosso dragão.

Ela fica tão bonita vestindo só som as suas meias.

O estado distribuirá para a população pulgas de graça.

Macunaíma teve seu nome modificado para John Peter.

Tenho tesão inconteste por nádegas e por geometria.

Tatu no fubá vai ser liberado nos feriados que caiam neve.

O meu vizinho ganhou um tiro na cara naquela rifa.

Só sei fazer conta das quatro operações dormindo em pé.

Vendem-se vassouras à jato e varas de condão eletrônicas.

O meu português agora está mais do que irreconhecível.

Os antigos só sabiam falar as coisas mais modernas.

O último que morrer pode apagar a luz e fechar a porta.

Minha solidão me traz todos os inconvenientes possíveis.

Só vou continuar se me restar alguma tola continuação.

Assistir televisão desligada parece ser um bom ofício.

Consigo xingar apenas em todas as vezes que penso.

A maior invenção do nosso século é a geleia de mosca.

Pior do que morrer é estar morto e nem saber disso.

Algum dia até mesmo a poesia me dá um pé na bunda...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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