quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Partes

As paredes brancas manchadas de preto

A velha lição do tempo posta em prática...

São diversas águas de diversas chuvas

Não importando se dias bons ou ruins...


As mãos calejadas de quem trabalha...

As mãos desesperadas de quem esmola...

Mãos tremidas de quem está suplicando...

Todas são mãos sem dúvida alguma...


Os pés trôpegos de quem está fugindo...

Os pés ligeiros de quem se esconde...

Os pés hábeis de todos os que dançam...

Todos são pés sem dúvida alguma...


Os olhos dos que só enxergam o escuro...

Os outros que  luz demais acaba cegando...

Os olhos malvados que veem o mundo...

Todos são olhos sem dúvida alguma...


A boca que vive quase sempre vazia...

A boca que está quase sempre tão cheia...

A boca em beijos ou em tais obscenidades...

Todas são bocas sem dúvida alguma...


As narinas que sentem o cheiro das flores...

As narinas que pressentem aos temporais...

Ou narinas que sentem o cheiro da morte...

Todas são narinas sem dúvida alguma...


Os ouvidos que se assustam pela madrugada...

Os ouvidos que se drogam com sons urbanos...

Os ouvidos que se recolhem numa solidão...

Todos são ouvidos sem dúvida alguma...


A mente que não vai para lugar algum...

A mente que todo espaço é insuficiente...

A que estava presente no nascimento do caos...

Todas são mentes sem dúvida alguma...


O coração que parece um carro em fuga...

O coração que é quase igual a uma pedra...

O coração que mesmo num peito tem outro dono...

Todos são corações sem dúvida alguma...


Os sonhos flutuam por todo ar existente...

Os sonhos também se escondem numa caverna...

Os sonhos são mais reais e gritam nas praças...

Todos são sonhos sem dúvida alguma...


As paredes brancas manchadas de preto

A velha chuva que muitas vezes caiu...

São diversos ventos soprando sempre

Para um cortejo de milhares de folhas...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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