Sou do tempo das latas de biscoito,
Das caixinhas-surpresa de papel-cartão,
Das réstias de cebola e dos tamancos
Que se penduravam pelas vendas,
Do café torrado e moído na hora,
Do arroz pesado à gosto do freguês,
Programas preto-e-branco nas TVs,
Programas engraçados nos rádios,
Um tempo que era tão bom e ruim,
Que dá muita saudade e nenhuma...
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Paratudo
Paranada
Para pedidos feitos ao acaso
O que foi adiantado
O que teve atraso
O que foi a vida
Uma outra despedida
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Tento ver diariamente suas masturbações
num velho vídeo quase recente
que escondo entre as dobras do meu computador.
Não há medidor de alguma intensidade
mas valeu cada moeda que me custou.
Mar revolto na mais franca das calmas
neste bom dia que nunca me respondem...
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Minha dúvida é tão mais tímida
Que acaba se tornando temerária.
Sabe quem eu sou?
Se isso for algum dia descoberto
Por favor que eu seja comunicado
Esqueci isso faz um bom tempo.
Minha dúvida é tão mais tímida
Que até brincou de roleta-russa...
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Não avisem mais aos navegantes
Eles pararam para poderem ouvir
Um cravo que executa agora
Um rock quase pós-moderno...
Não avisem mais aos navegantes
Eles tentam agora sem esforço
Entender todas as novas palavras
De um velho idioma que inventaram...
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Num pequeno córrego de esperança
Segue meu barquinho de papel esperança
Mesmo batendo em pedras pelo caminho...
Muitas são minhas esquisitas crises
De esquecer até aquilo que não doeu...
Num singelo avião feito de papel
Consigo voar alguns metros quilométricos
Tentando alcançar alguma esperança por aí...
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Por mais que eu diga sim
O não me atrapalha e muito...
Por mais que eu queira tudo
O nada vem e tudo estraga...
O que quero agora
Nesse exato momento?
Algumas asas vagabundas
E o fim do medo de voar...
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