Instantes de viola foram apagados como giz.
Eu faço minhas tocaias como quem masca chicles.
A sopa está no fundo do prato e lá permanecerá.
Os cães raivosos dormem tão placidamente.
Fiz um amuleto de cristal com fios de palha.
Saquei minha arma mas não havia munição.
Na sessão da tarde os mocinhos usam batom.
Os gatos agora são pescadores de ilusões.
Pulei o muro e caí no caldeirão do inferno.
Degolei-me como o gorila no clássico mudo.
Quanto mais coloco sal os doces se adoçam.
Me vesti de vermelho como fosse um pássaro azul.
Não esquecerei mais daquilo que nunca mais vi.
Domingos são terças que esqueceram seu cantil.
Coloquei os grilos na gaveta antes da ventania.
Uma agulha sem ponta para bordados sem volta.
Nada é tão estranho que não possa ser comum.
Faço um novo vocabulário com os restos existentes.
Uma sacola de serpentes é tudo que nós temos.
As senzalas estão agora dentro das casas grandes.
Podem dar um café ali para quem foi condenado.
Achei vários e variados batons nas latas de lixo.
O Conselho nunca mais me pediu um conselho...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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