Que já foi água toda,
Foi graça nadando,
Escamas quase prata,
Agora náusea total
E nem chego perto,
Meus pêsames...
Meu querido tempo pobre:
Que já foi menos abjeto,
Mesmo só enganando,
Escondendo mazelas,
Não mostravas a bunda,
Ainda tendo merda,
Meus pêsames...
Meu querido sonho podre:
Foste de limpas nuvens,
Sorrisos aí sinceros,
Até que impossíveis,
Entretanto viciantes,
Secador de prantos,
Meus pêsames...
Meu querido amor podre:
Nem esse teu pus todo,
Nem essa casca disforme,
Carne viva e sofrível,
Não impedirá que pare,
Mexendo no machucado,
Meus pêsames...
Meu querido homem podre:
Distribuidor de desgraça,
Espalhador de mentira,
Apiedo-me de tua morte,
Da tua morbidez,
De onde permanecerás,
Meus pêsames...
Meus pêsames, meu querido, meus pêsames...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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