segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Meu Querido Peixe Podre

Meu querido peixe podre:

Que já foi água toda,

Foi graça nadando,

Escamas quase prata,

Agora náusea total

E nem chego perto,

Meus pêsames...


Meu querido tempo pobre:

Que já foi menos abjeto,

Mesmo só enganando,

Escondendo mazelas,

Não mostravas a bunda,

Ainda tendo merda,

Meus pêsames...


Meu querido sonho podre:

Foste de limpas nuvens,

Sorrisos aí sinceros,

Até que impossíveis,

Entretanto viciantes,

Secador de prantos,

Meus pêsames...


Meu querido amor podre:

Nem esse teu pus todo,

Nem essa casca disforme,

Carne viva e sofrível,

Não impedirá que pare,

Mexendo no machucado,

Meus pêsames...


Meu querido homem podre:

Distribuidor de desgraça,

Espalhador de mentira,

Apiedo-me de tua morte,

Da tua morbidez,

De onde permanecerás,

Meus pêsames...


Meus pêsames, meu querido, meus pêsames...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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