Teatro de marionetes malfeitos
Cantos de pássaros um tanto roucos
Briga de políticos em pleno plenário
O carvão está aceso e não queima
Marimbondos nascidos sem ferrão
Dois bêbados se beijando na boca
A roupa branca ficou mais encardida
Quem chegar primeiro é que comerá
Um copo d'água virou uma riqueza
O pintor cego não temerá as cores
O milionário falido irá ao suicídio
Compre uma virgindade na rifa
Só use espelhos que forem partidos
Só beberemos champanhe sabor jaca
Serviremos bosta para os convidados
No Inferno alugam muitas quitinetes
A direita é de quem nunca foi direito
O carnaval entre os pigmeus é um ano
Em casa de ferreiro só se usa delivery
Ele cagou na rua e se limpou em casa
Dar socos na mesa é a boa educação
Trair é a mais nova regra de cidadania
Judas agora está em alta nas redes
Na Zona Sul todo o sangue ficou azul
Quero chicletes com sabor de frango
Meu filho vai ter nome de demônio
Perucas genitais para calvície pubiana
Comer comida normal agora é anormal
Só como melancias que dão nos coqueiros
Tento ser suave que nem uma navalha
A conta certa é dois mais dois cinco
Pensar faz muito mal aos nossos dentes
Só paro com um vício no dia que parar
Queria comprar meleca mas acabou
Nada mudou só o nome e o jeitinho...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).