terça-feira, 2 de agosto de 2022

Poema?

 


Não se engane,

poemas estão em falta...

Vemos apenas felizes tentativas

de marqueteiros

que pintaram sua cara 

com o mais célere mau-gosto...

Toda beleza 

é apenas um tempo

que se atrasou para engolir

qualquer coisa com sabor...

O amor?

É um velho embriagado

que acabou de tropeçar

e meteu a cara na calçada...

Frases de efeito?

Estão no grande cemitério

de redes sociais

e de nada servem...

Pois as fotos

são impressões imprensadas

numa parede velha

de um banheiro sujo...

A nova sensação

ficou lá pra trás

numa curva abandonada

de velhos sites...

Que grande plano?

Para todo começo

apenas um final

que pode ser

bom ou ruim...

Um, dois, três...

Aperte o botão,

coloque o dedo na tela,

faça a guerra começar...

Três, dois, um...

Acenda mais um cigarro

e se mate aos poucos

conforme a bula...

Eis a nova razão

de não ter razão 

porque isso

não é mais preciso...

Sobreviver é

mais um suicídio

planejado de forma

totalmente desesperada...

Os bardos são bastardos

que comeram 

e acabaram vomitando

meras inflexões...

A liberdade

pode ser a corrente

que a madame

pois no pet de estimação...

O pet de estimação,

a cachaça de estimação,

a droga de estimação,

a carne de estimação...

Tudo pronto

como macarrão 

em caixinhas

vindo no delivery...

A sorte está lançada,

sem mantos,

sem dados

e sem soldados...

A campanha do candidato,

a manha do rato,

o novo Titanic

no jornal da manhã...

Silêncio, por favor,

quero dormir

por um breve tempo,

apenas a eternidade...

Não se engane,

poemas estão em falta...

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