E mesmo seco, um rio é um rio. Onde as várias marcas contam passagens intermináveis. O sol deve ter esquentado demais, é o que pode acontecer. Não nos surpreendamos com mais notícias, sejam elas boas ou ruins...
O tempo (aquele velho de barbas brancas) segura sua ampulheta cheio de autêntica pressa. As carpideiras já saíram do banho e se arrumam e se perfumam perante o espelho cheio de manchas, preparando a maquiagem para ser minunciosamente borrada em seu afã...
E as folhas se amarelam de uma hora para outra, as flores não abrem mais. Tudo haverá de secar desde sua raiz mais profunda até o galho mais alto, aquele que quase tocou os céus dia desses, mas que falhou como todos os outros em sua inútil tarefa...
Nenhuma história é contada com real exatidão, os detalhes são formiguinhas que carregaram seu açúcar e foram embora. Inventar é a nossa sina, mesmo que tentemos registrar isso em algumas palavras rabiscadas num papel qualquer ou ainda de um outro jeito também desesperado e desesperante...
E o mar espera em vão seu constante beijo, hoje não haverá mais romance algum digno de nota. Como dois amantes que se desencontram assim tudo é e será inúmeras vezes, lentes algumas vezes falham, outras não, depende da quantidade de poeira que se acumule nelas...
Tudo se transforma, de um jeito ou de outro, os sorrisos cansam-se com facilidade, só o choro é esforçado em suas tarefas. Não nos preocupemos com isso, poderemos dar um susto no próprio medo, se assim o quisermos, é só duvidar da dor...
E mesmo não-correspondido, um amor é um amor. Enfeitado ele está para a companhia ou para a solidão, para chegar em primeiro ou em último, estar lá já é muito e sem amarmos (pura ou sordidamente), somos a embalagem que veio vazia direto da fábrica...
O tempo ( aquele menino engraçado e malvado) poderá até gostar de nós e não nos aprontar tanto das suas. Mas sua atiradeira estará sempre pronta, acertará frutas e passarinhos, não por maldade, mas por ofício...
E mesmo seco, um rio é um rio...
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