quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Da Plenitude do Vazio


Vazio
como deveria não ser
ou viver
ou morrer
é apenas uma opção
se sim senão
danço na chuva sozinho
 não tenho carinho
na praça
só vou por pirraça
faço e repito
dito e não dito
janelas
favelas
o jovem morto
a porta e o porto
o velho parado
congelado
como uma cena
pequena
um pequeno quarto
um parto
eu não falo nada
água parada
o povo enganado
pobre coitado
já fez escola
uma esmola
a outra face
que comprasse
é um aluguel
qualquer céu
qualquer lance
sem chance
sem chance de vitória
é outra história
é outro dia
Ave-Maria!
a pedra e o limo
sem arrimo
o plano falho
é um espantalho
um-dois-três
o fim do mês
o fim do fio
meu cão vadio
noite inglória
uma outra história
novas estações
outras ações
a poesia suja
a dita cuja
respirar forçado
o certo e o errado
o selo e o selo
o feio e o belo
escapar do abismo
é um malabarismo
velho sem saúde
é foto e é nude
faltou comida
é a vida
memento mori
pardon sorry
só tem os ossos
são todos nossos
só tem o resto
quase indigesto
ninguém tem pena
nessa arena
ninguém tem dó
pois é tudo pó
o balão subiu
o balão caiu
nada mais
nada cais
são as lutas
são as putas
cadê o like?
roubaram a bike
pulemos o muro
cuidado com o furo
a mente mente
mas futuramente
todo desvario
será um rio
sentei na calçada
não sou mais nada?

(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...