terça-feira, 30 de agosto de 2022

Miscelânea Total

Junto minhas lembranças em trapos

e encho antigas gavetas com elas

Nomes e rostos perdidos na lembrança

faço deles um meu novo monstro...

Capricho no meu ridículo

como qualquer cidadão de bem

Temos sempre perdão para nós mesmos

e nunca temos para os outros...

Eu fiquei pensando quase dia desses

sobre o fato de ainda estar aqui

Será que ainda estou mesmo?

Ou já fui embora e nem percebi...

Meus olhos já foram azuis

enegreceram e depois entortaram

Não olham mais com sofreguidão

bundas de fora em velhas revistas... 

Tudo mudou sua perspectiva

o meu quintal-mundo encolheu

E aquele sol que eu desenhava

há muitos dias já se escureceu...

Se eu pudesse andar para trás

certamente eu assim o faria

Como num filme ao contrário

para reviver tudo o que eu vivi...

Alguns arlequins e muitos palhaços

todos ocupando o mesmo espaço

Grandes e pequenas jogadas

não passamos de grandes nadas...

Notas conhecidas agora não mais

velhas ondas para o mesmo cais

O silêncio tem ouvidos para escutar

mas eu não tenho mais o que falar...

Vou rir de que afinal de contas?

perdi minha carteirinha de hiena

E o circo ainda não chegou de novo

para que eu possa pintar meu rosto...

Toda estatística acaba sendo idiota

nos vendemos por algumas moedas

E sempre tentamos disfarçar isso

com a felicidade que nunca temos...

Junto minhas lembranças em trapos

e encho antigas gavetas com elas

Nomes e rostos perdidos na lembrança

faço deles um meu novo inferno...

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