quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Poema aos Excluídos e aos Incluídos Também


Tenho pena dos cegos...
não os do cegos do corpo,
estes enxergam muito melhor
com outros sentidos 
que a alma lhes deu,
a luz do seu interior
supera e como supera
muitos obstáculos...

Os cegos do coração sim, 
esses são dignos de pena,
andam por caminhos escuros
em plena luz do dia
e não serão nunca felizes...

Tenho pena dos mudos...
não dos que não conseguem falar,
existem muitos gestos ternos
que valem mais do que tesouros
que um dia irmão embora,
mãos que trabalham não só por si
mas que tiram da terra
o encanto que há de melhor...

Os mudos de verdade são outros,
são os que calam ante as injustiças,
que são covardes e mesquinhos,
que não sabem participar
da grande melodia da vida...

Tenho pena dos que não podem andar,
não daqueles que perceberam
que as limitações do corpo
são apenas meros detalhes,
que transpõem montanhas inteiras
com simples e pequenos passos,
que sabem viver todos seus instantes
e possuem a certeza que a vida vale a pena...

Os cadeirantes, os paraplégicos, os tetraplégicos
do caráter, da moral, os verdadeiros paralíticos
são outros, que geralmente nem sabem que são,
são os que só sabem se lamentar
e nada fazem por si e nem pelo próximo...

Tenho pena dos que não tem a mente perfeita,
não daqueles que possuem certas limitações,
limitações foram feitas para serem superadas,
os sorrisos são joias preciosas demais
que nunca estarão ao alcance do ladrão,
a pureza nos aproxima dos anjos,
exemplos claros nunca nos faltam
para que nossas tristezas não parem a jornada...

Os malvados, os egoístas, os apáticos,
esses sim são os verdadeiros insanos
que dispensam camisas-de-força resistentes,
não precisam de manicômios nem de celas,
já estão perdidos em seus labirintos...

Tenho pena não dos excluídos
por essa sociedade cheia de tolices,
tenho pena dos que os excluem
e como disse alguém há muitos anos:
"Pai, perdoa, porque não sabem o que fazem..."

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