Os pombos da minha cidade...
testemunhas oculares invisíveis
do caos que ronda todo o tempo
e traz a possibilidade absurda dos dias...
do caos que ronda todo o tempo
e traz a possibilidade absurda dos dias...
Os pombos da minha cidade...
são de todas as cores possíveis
e usuários de óculos de sol
mesmo em dias de chuva teimosa...
Os pombos da minha cidade...
são capoeiristas dos arranha-céus
músicos de uma banda de jazz e blues
malandros de indescritíveis morros...
Os pombos da minha cidade...
são burgueses com ternos de linho
gravatas compradas em brechós
e vendedores de balas na Central...
Os pombos da minha cidade...
comem todas as migalhas
que uma sociedade corrupta joga
disputando com outros miseráveis...
Os pombos da minha cidade...
dançam frevos fora de época
maracatus como se fosse reza
e sambas-enredos de carpideiras...
Os pombos da minha cidade...
com seus dentes de ouro dos bicheiros
com suas bizarrices de escola
com seus pentelhos despontando...
Os pombos da minha cidade...
testemunhas oculares invisíveis
do caos que pariu todo o tempo
e despontam no chão ou fora dele...
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