Sair por aí...
Como quem realiza façanhas maravilhosas, sendo o herói do dia. Em batalhas cósmicas. Eu que atiro estrelas como fossem pedras, simples pedras que o menino atira na água brincando. Como o apaixonado que beija a mais bonita de todas. Em um eterno romance de dias intermináveis. A maldade foi embora e não voltará...
Sair por aí...
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Leia-me.
Como quem lê numa parede
Como quem lê numa árvore
Algumas palavras simples de amor...
Leia-me.
Num livro agora já esquecido
Numa estante empoeirada
Com o silêncio de quem morreu...
Leia-me.
Como uma frase bem antiga
Em uma língua já morta
Que pode ressuscitar...
Leia-me...
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...E a raiva engoliu-me aos poucos
sem ao menos me mastigar...
E a paixão foi invadindo
sem ao menos me esperar...
E a ternura tanto me feriu
sem ao menos isso notar...
E o desespero fez uma festa
sem ao menos me convidar...
E a esperança contou-me segredos
sem ao menos me perguntar...
E a morte veio me socorrer
sem ao menos nada me cobrar...
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Invento-me cada dia
num verso vadio
que veio por acaso...
Desenho-me fielmente
em nuas paredes
de algum abandono...
Faço-me palhaço
num circo sem graça
chamado vida...
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Nada de excepcional eu tenho,
nem frases de maravilhoso efeito,
nem figuras de beleza singular,
não faço multicores numa gravura
de algum bailado inédito...
Eu só tenho o choro comum
dos que ainda doem (e muito)
suas feridas do dia-a-dia...
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Numa caixa guardei a mim mesmo,
caixinha dessas bem antigas
que se vendiam nas vendas
e haviam alguma surpresa inocente...
Na mesma caixa coloquei meus sonhos,
sonhos pequenos como eu era
e até acho que ainda sou,
que eles poderiam ficar junto comigo...
Com o tempo, estávamos tão juntos,
que acabei me tornando um deles...
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Toda noite teve seu dia. As alegrias sem tempo acabaram indo embora... A noite é dentro de mim. Não há outro lugar fora do peito... A esperança acabou de cair lá do alto. Parece um meteorito incandescente... A ternura acabou de rir. Estava rindo de mim... Toda noite teve seu dia. E acabou se transformando em mim...
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