quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 188

Sair por aí...

Como quem realiza façanhas maravilhosas, sendo o herói do dia. Em batalhas cósmicas. Eu que atiro estrelas como fossem pedras, simples pedras que o menino atira na água brincando. Como o apaixonado que beija a mais bonita de todas. Em um eterno romance de dias intermináveis. A maldade foi embora e não voltará...

Sair por aí...


...............................................................................................................


Leia-me. 

Como quem lê numa parede

Como quem lê numa árvore

Algumas palavras simples de amor...


Leia-me.

Num livro agora já esquecido

Numa estante empoeirada 

Com o silêncio de quem morreu...


Leia-me.

Como uma frase bem antiga

Em uma língua já morta

Que pode ressuscitar...


Leia-me...


...............................................................................................................


...E a raiva engoliu-me aos poucos

sem ao menos me mastigar...

E a paixão foi invadindo

sem ao menos me esperar...

E a ternura tanto me feriu

sem ao menos isso notar...

E o desespero fez uma festa

sem ao menos me convidar...

E a esperança contou-me segredos

sem ao menos me perguntar...

E a morte veio me socorrer

sem ao menos nada me cobrar...


...............................................................................................................


Invento-me cada dia

num verso vadio

que veio por acaso...

Desenho-me fielmente

em nuas paredes

de algum abandono...

Faço-me palhaço

num circo sem graça

chamado vida...


...............................................................................................................


Nada de excepcional eu tenho,

nem frases de maravilhoso efeito,

nem figuras de beleza singular,

não faço multicores numa gravura

de algum bailado inédito...

Eu só tenho o choro comum

dos que ainda doem (e muito)

suas feridas do dia-a-dia...


...............................................................................................................


Numa caixa guardei a mim mesmo, 

caixinha dessas bem antigas

que se vendiam nas vendas

e haviam alguma surpresa inocente...

Na mesma caixa coloquei meus sonhos,

sonhos pequenos como eu era

e até acho que ainda sou,

que eles poderiam ficar junto comigo...

Com o tempo, estávamos tão juntos,

que acabei me tornando um deles...


...............................................................................................................


Toda noite teve seu dia. As alegrias sem tempo acabaram indo embora... A noite é dentro de mim. Não há outro lugar fora do peito... A esperança acabou de cair lá do alto. Parece um meteorito incandescente... A ternura acabou de rir. Estava rindo de mim... Toda noite teve seu dia. E acabou se transformando em mim...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...