terça-feira, 16 de agosto de 2022

Poema Na Garganta

 Não espere algum lirismo

que vá partindo de mim...

Eu sou apenas um grito na madrugada

acordando um pobre

que dormia apenas por engano...

Um vento quase fresco

vem diretamente do mar

trazendo certas ilusões

que o dia há de matar pela manhã...

Eu não sou moderno

como as pessoas do meu tempo

e minha ansiedade 

surge dos escombros de lembranças...

Morri mil vezes e ainda morrerei

sem que necessariamente

outros epitáfios sejam feitos...

Eu repito tristes litanias

até que a voz se canse...

Eu fugi por estreitos labirintos

e me perdi em todos eles...

Minha poesia é o único alento

e a única e real mágica

para dores que não passam...

Não me procure em páginas

que agora amarelaram

como uma folha morta

que repousa no chão frio...

Me procure em outras águas

cai e o rio acabou me levando

se vou para algum mar

desconheço isso totalmente...

As cores das paredes desbotaram

o emboço está caindo

e mesmo assim teimo ficar de pé...

Eu falo palavras mágicas

mesmo desconhecendo quais são...

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