eu vejo o que não gostaria de ver
desnudos todos estamos
mesmo cobertos da cabeça aos pés
todos caem como moscas
todos caem do alto dos prédios
todos constroem seus abismos
a menina inocente se corrompeu
o garoto vive de programas
o idealista se desesperou
o humano descobriu o que era
o rapaz gentil da funerária sempre sorri...
não discutamos filosofias
a tolice está no nosso caminho...
a bailarina louca grita suas insanidades
o herói saiu correndo em puro desespero
o cheiro do mijo e da merda não incomoda
a corrupção encheu as ruas e as praças
toda a guerra agora é possível
desde que aconteça na casa ao lado
queremos morrer em eternas filas
o nosso tesão agora é por anomalias
existem máquinas prontas para ele
e toda a aberração agora é bem-vinda...
não existe porta de saída
a porta do banheiro é mais importante...
em tantas bocas faltam inúmeros dentes
nelas a comida também faltando
o dinheiro mandando no mundo como sempre
mãos sujas em panos brancos e limpos
e a nudez do exagero aliada à moda
tudo serve para se jogar fora amanhã
hoje tem festa no inferno porque chegou mais um
preparem a cruz para um novo Cristo
e façam alguns versos que sejam medíocres
para falar o que não seja mais compreensível
um novo holocausto é sempre bem vindo...
parem de uma vez esse carro
eu queria era entrar pela contramão...
(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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