quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Cover de Vida

 

Já que está no além, 

deixa eu falar também,

se é mal ou se é bem, 

sou sobrevivente, 

de forma aparente,  

sou algo aquém...

Bom dia, Morte! Veio me buscar? Chegou atrasada... Cada ser desses que estão caídos pelo chão, cada pequeno cadáver insepulto, são os meus sonhos e eu fui morrendo um pouco com cada um deles...

Já que está na tela, 

no final da novela,

é feia a aquarela,

da mídia, da massa,

é a nova trapaça,

mas tão bela...

Não estranhe, Morte! Se eu tenho medo de você? É claro que tenho... Quem não tem? Somente os desesperados suicidas. Mas aprendi a maquiar meu medo com o serenidade dos que não a têm...

Já que é o que é,

tá faltando a fé,

der no que der,

já virei nos trinta,

já perdi a tinta,

sou o que vier...

Sinta-se à vontade, Morte! Que pena que não tenho mais aquele terninho azul... Agora qualquer farrapo serve, qualquer roupa fora de moda, desbotada, rasgada, camisa de propaganda ou candidato. Essa serve?

Já acabou a bebida,

não tem mais comida,

estou sem saída,

estou sem meu sono,

sou um cão sem dono,

só um cover de vida...

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