terça-feira, 11 de setembro de 2018

Quatro Eternidades

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Tenho dentro de mim
quatro eternidades que nunca morrerão...

A primeira é o menino...
aquele mesmo menino de dias antes
em que as chuvas entristeciam
porque não poderia ir no parque
andar na roda-gigante cheia de luzes
com aquele lindo mar à noite
esse ainda me encena sempre
querendo de volta todo meu passado...

A segunda é o jovem...
o que queria mudar o mundo
que marchava nos grandes protestos
ele ainda me reclama as terras que não foi
os amores que não pode viver
os cigarros que não pôde fumar
sua voz ainda não se calou
e vive chamando minha atenção...

A terceira é o adulto...
tenta ser discreto e bem comportado
prestar atenção às manchetes do dia
perde seu sono com as contas atrasadas
quer saber da nota dos filhos
perde seu tempo em bobas filas
mas ainda acalenta a esperança
e espera por novos dias...

A quarta é o velho...
suas pernas já doem bem mais
sua vista anda mais que cansada
coleciona vários desenganos nos bolsos
a saudade o castiga por barcos que partiram
e não voltarão mais para o cais
mas ele guarda dentro si ainda a esperança...

Tenho dentro de mim
quatro eternidades que nunca morrerão...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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