Pratos e copos por sobre a pia. Eu remendo o vento em muitas estações. As lebres possuem suas febres. São amigas de muitos senões. É o Estado que tem estado naquele estado. E me impressiono com as mais divinas impressões. Estou cheio de vazios enormes e até aí tudo bem. Conheço tantas almas, mas não conheço muitos lugares.
Carnavais existem muitos por aí. Fazer sandices pode ser contra-indicado para os que estão enganados. A verdadeira loucura se sucede em pequenos pontos adversos aos autógrafos e às ovações. Permeie em simples linhas, tudo estará assim acabado.
Eu quero que os dias sejam maiores que os anos. Sóis gordos dando palestras de como se pode viver sem insônia. As plantas são sábias em sua enorme pressa. Tudo deveria caminhar com seus próprios passos, mas faltou a coragem suficiente para pular e voar.
Onde estamos? Num grande complexo de pequenos hospícios. Respeitem a vontade do cavalheiro ali. O freguês tem sempre razão mesmo quando ela foi embora indignada com os maldosos comentários. Melhor ser surdo do que falar de mesquinhas coisas.
Não reparem, por favor, não reparem. Meu curso com as aranhas é assaz demorado, mas um dia eu chego lá. Ainda testemunharei o começo e o fim de tudo, mas gostaria mesmo de estar no dia seguinte.
Com mãos de veludo eu faço carícias impublicáveis. Nossa verdadeira natureza é naturalmente artificial. Levei tempos e tempos para decidir apenas um pequeno tom e ele fez toda a diferença;
Quando tudo se acabará? Não faço ideia algum sobre tal assunto, mas conheço coisas que compensam tal falha. Sorrisos enganosos e enganados, muitos mesmo. A morte ainda dá seus pulinhos da mais pura contentação.
Esqueçamos Alice por um momento. Águas dançam funk ao ferverem e certas coisas abençoadamente não possuem explicação. Os filósofos andam cansados. Não reparem esse meu jeito sem jeito. Um dia realizarei meu grande sonho - faltar a voz perante a grande multidão aglomerada no Central Park para acreditar sucessivamente em minhas francas mentiras.
Não se importe com palavras desusadas. É só apertar um botão que o míssil dispara. Aí não tem mais volta. Eu tenho mais tentações que o velho Wilde, mas o que isso importa? Cada passo será medido, até os tropeções.
Descobri certas verdades inquestionáveis: certos canecões velhos e sem alças valem mais que a coroa de muitos reais. Depende do cavalo, pangaré ou não. Que o diga o rei. Nem me lembro bem, mas lembro.
Nossa canção, uma vírgula! Tenho dentes pra roer essa broa de anteonte, meu cumpadi! Assim e assado, já foi mais do que falado, nem vem que tem segundo um grande filósofo de esquina e de bicicleta, com toda a certeza. Quanto mais se tem, se tem, teco na bola de gude não salva alma. Só acaba complicando.
É um esmero no desespero. Não tem mais não sei o que não sei aonde. Goela abaixo não dá. Nem goela acima, por falar nisso. Faz o batuque aí, sinhá vaca. O Morro do Sabão é desde quando. Carrinho lá de cima, desde os tempos da casa que não é mais.
Um fósforo só e eu faço o serviço. Dispenso caixa e cerimônia. Duvida? Quem duvida perde a morte e os sais de banho já estão no caminho, pararam pra merenda, foi só isso. É soro de gota em gota e haja maxixe pra minha turma todinha. Rodilha na cabeça do safado e quando viu, não viu mais.
Permanece o impermanente. A pia cheia e a razão vazia...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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