sábado, 8 de setembro de 2018

Mais Que Um Dia

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Mais que um dia, mais que um tempo, o tempo todo. Constante sem cálculos abstratos que tenhamos de temer. Recordações baratas na nossa memória de plantão que ri de nós completamente.
O que somos? Bonecos dum teatrinho sem merecido descanso. Onde estamos? Em algum lugar não localizado no espaço que nos sufoca. O que fazemos? Pegar os fatos como fossem enfeites de uma simples decoração. Onde estamos? No lugar errado na hora certa recortando bonequinhos de papel sem tesoura para nos auxiliar. Onde iremos? Talvez para os bastidores, em tristes camarins para chorarmos nossas mancadas.
Mais que um dia, mais que um tempo, o tempo todo. O nosso performance foi um desastre e este quase foi premeditado. Eu quase ri da minha própria pessoa, mas estava muito ocupado com questões mais fúteis e mesquinhas. A oportunidade de se arrepender sumiu das prateleiras, está em falta no mercado.
Temos o barco, mas falta o mar. Céus queremos, as asas estão inúteis. Relógios só nos afligem mais e mais. Nosso sono quase tranquilo é tão tolo quanto um comercial de TV mentiroso ou uma novela politicamente correta. Sua razão estava de folga e foi passear no parque. As borboletas também podem nos enlouquecer.
Mais que um dia, mais que um tempo, o tempo todo. Nem quero discutir coisa alguma, os pecados ganharam alguma tinta de inocência, isto faz parte do contrato firmado. Bondade e maldade bebendo no mesmo prato e comendo no mesmo copo. Aos domingos os leões palitam os dentes e os mosquitos já enjoaram de seus próprios zumbidos. Minhas meias já podem andar sozinhas por aí.
Até os anjos estão ocupados no celular para nos protegerem, isto faz parte de novos compromissos sociais. Esqueci como se mede todas as mágoas, apenas tentei ser o novo herói. O peso da minha cruz não é maior do que a minha ilusão. Agora sou o novo galã de um filme italiano de quinta categoria dublado em preto e branco com requintes de algo que desconheço.
Mais que um dia, mais que um tempo, o tempo todo. Chá chinês aí para a madame e catuaba com anis para o cavalheiro. Bebam até o final dos tempos de aula. É por conta da casa hoje e sempre. Não esperem nem mais um esquilo por isso. É parte do currículo de se tornar um marciano definitivamente. 
Espere aí mesmo, onde está, sem se mexer, nesta nova pose inventada agora. Temos saudades de sujos ares e vergonhas justificadas por qualquer parâmetro que apareça de repente. De repente a serpente com suas belas coxas e bunda bem empinadinha. Como um filme pornô bem vintage.
Mais que um dia, mais que um tempo, o tempo todo. Eu poderia ficar tagarelando até o final dos tempos, mas por ora prefiro me calar...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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