Nas asas da camisa do quadriculado azul-e-branco eu estava lá. Sobretudo em dias de muitas chuvas. A dança funcionou. Mesmo com as fogueiras se apagando. Eu tenho a forma mais justa de todas e ando em bandos alados em qualquer céu vagabundo. Nada escapa aos meus olhos vadios. Eu que o diga. Esperei o esmero de mil espelhos para morrer na rebentação em mais admirações e pensamentos pesados. Nada me supera em matéria de laços e moedas antigas. Alguns pingos não me importam mais. Alguns vidros nem se quebram. Palavras novas com velhas ideias. Sigam a carruagem sem ladragem. É alguma coisa que podemos fazer. Normas faço eu. E a alquimia acabou de sair para a cozinha e de lá não mais voltará. Viva a vulgaridade de choros e baiões disfarçados com a última moda. O Nobel agora vem como brinde no final de ano. Acabaram-se as celas e os nova-iorquinos já fazem seu passeio zumbi de tardes de consenso. Eu nunca fui em todas as esquinas. Elas é que acabam vindo até aqui. Trazem bolinhos diet e prendas politicamente caretas. Faço votos que daqui um ano seja um ano mesmo. Minha pequenez rouba a atenção de paparazzis e de narcisos meio tortos. E há brilho estranho por entre as vitrines que se erguem à cada segundo. Este é o último corretor de textos que uso com certa velocidade. Fico enjoado com este cheiro forte de jasmim. Eu nunca mudo de opinião. Sou teimoso o suficiente para estar sempre onde não estou. Quero asas e algumas mentiras inocentes. O vento não refresca. Mas quase me mata de ansiedade sobre novas perspectivas. Abril esse ano caiu em maio por pura culpa de julho. Um grande brinde ao nom sense dos mercadores de camelos de Dubai. Asas recortadas de papel suficientemente o são. É preciso alguma destreza para sair correndo. Eu nunca tropecei em minha célere covardia. Doe-me tudo. Sobretudo as alucinações que os alcaloides não me trouxeram em sublimes códigos. Agora você vê. Agora você está cego. As frutas agora caem verdes por pura opção. Ovos são surrealistas. Há espaço suficiente para uma loucura de cada vez. Em suaves prestações. Eu me sinto com sintomas de sintonia. E uma febre daltônica acaba explicando tudo. Meu tempo nunca foi agora. Não tenho todas as medidas e nem as procuro. Os versos caíram lá de cima como uma chuva ácida. Cada vez que eu tremo. Eu acabo chamando a febre. E o Cabo das Tormentas acaba tendo certa suavidade. Repito quantas vezes quiser. As cercas eram de arame farpado e os cajus eram os astros do show. Faz peças para atores com bastante sono. Algumas dúvidas ainda possuem dívidas. Será que será que será. Me empreste alguma coisa para que eu possa levar em minhas costas como uma cruz. Vítima e algoz agora fazem tratos de honra. Quem chegar primeiro perde. Compadres existem muito por aí. Chega de ser suficientemente insuficiente. As moedas agora possuem vinte lados ou até mais. Por questão de recato ou de indecência. Não faça mais isso. Faça aquilo somente. E aquilo outro se ainda puder. Marte é quase no norte do nordeste. Sem cearenses e sem ecos também. Já bebi muita vodca e acabou a minha reserva. Os mortos continuam no mesmo lugar. Nós que somos as tais formigas. Onde tem açúcar é o nosso destino. Me preocupo com uma estética inexistente. E com os passos da marcha forçada. Pandeiros e arlequins muito me interessam. E volteios de algum vórtex que vi sei lá onde. Atrás do trio elétrico só vai quem está atrás. As chacretes estão contentes enquanto mascam chicletes. E eu só tinha um. Acabo fazendo melodramas chineses que nunca li. Agora Caronte aceita débito ou crédito. Ora pois. Tudo não existe. Eu levantei bandeiras com algum esforço. Copos de pé nunca foram cálices. Ainda gosto dos meus gostos. E almoço o meu almoço. Ao moço. Ao quase velho. Sem sinais de risco. Quase um poema feito de retalhos e uma propaganda certeira. Tiro ao tiro e eu me retiro. Não fui artista suficiente para construir banquinhos e nem acender velas quando o black foi out. Um outdoor já me basta. E um grande carro de som acordando toda a vizinhança. Os vilões nunca precisaram de escola. Uma tragédia grega já me enfada o bastante. Guardei um cofre no cofre. Não me roubem mais minhas ideias. Quase que eu ganho na loteria. Só me faltava jogar.
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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